domingo, 18 de abril de 2021

Pai

Soubemos em meados de Dezembro que o Pai tinha um cancro nas vias linfáticas, sem tratamento. Tinha acabado de fazer 81, o coração já lhe tinha pregado dois sustos e a memória às vezes tinha uns bugs. Depois do choque do diagnóstico, juntámos todos os apoios para que pudesse ficar sempre em casa. Claro que o apoio maior e incansável foi a Mãe, sua grande cuidadora há 53 anos. Mas vários braços e corações se juntaram para que estivesse ainda mais acompanhado e com todo o conforto. Ainda conseguimos que conhecesse o João Pedro, nono neto. Morreu este sábado, em casa, sereno e rodeado da família - um luxo reservado a poucos.

O Pai descobriu a Fé a meio da vida. Batizou-se pouco antes de casar, ainda com uma adesão parcial. Anos depois, em Fátima, teve um súbito desejo de se confessar e fazer um caminho de joelhos no Santuário - o Pai sempre foi racional e crítico de excessos religiosos, mas há momentos espantosos. No regresso, pediu ao pároco da Costa que lhe desse catequese, e o Pe. Mário trocou-lhe as voltas e desafiou-o antes a ser catequista. Nas décadas seguintes, deu catequese, preparou casais para o casamento, orientou grupos de jovens, até entrou num teatro de Páscoa (das minhas memórias mais antigas). E passava horas, noite dentro, fechado no quarto a ler toda a exegese sobre cada versículo da Bíblia. Nos minutos antes de morrer, repetiu várias vezes a palavra "Fé". E este testemunho vêm em primeiro lugar no extenso rol do que lhe devemos. 

Um par de horas depois, voei da Costa para o Campo Grande, onde a nossa Luísa ia receber a sua primeira Bíblia na "Festa da Palavra" da catequese, que acabou por ser a primeira missa por alma do avô. "O Pai era um apaixonado pela Bíblia; tens de estar com a tua filha e despertar-lhe esse mesmo amor". A Mãe sempre foi boa a lembrar-me das prioridades. 

Nestes últimos meses, além das visitas mais frequentes, acompanhei-o em dois momentos importantes. Levei-o pelo braço, com dificuldade, até à mesa de voto - onde não podia faltar, não por entusiasmo nos candidatos, mas por ter um dever a cumprir (nunca foi de ter medo). E a sua última confissão com um dos seus amigos jesuítas do Pragal foi dentro do meu carro (comigo fora, claro).

Cara de olhar para os netos

Há uns meses fiz quarenta anos e teimei em fazer uma festa maior. Tinha o feeling de que o tempo para estarmos todos juntos começava a escassear, e queria que os meus amigos o revissem ou conhecessem. O Pai não era muito de festas, mas sempre foi alegre e conversador, e assim esteve nesse dia. Aposto que o Pai nunca tinha ido a um concerto pop, mas vou guardar a memória de o ver a bater palmas acima da cabeça ao ritmo do Miguel Araújo.


Confiamos que o Pai já esteja no eterno encontro face a face, onde um dia nos encontraremos. E nós, que ainda estamos aqui, havemos de cuidar uns dos outros - muito em especial da sua mulher e da sua irmã - com a mesma atenção ao detalhe do Senhor Engenheiro.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

2020 em revista


Um ano tão fora do comum merece que ressuscite o blogue para um balanço. 

2020 até nem começou mal: tivemos a casa cheia de amigos na passagem de ano; a Maria começou um mestrado em Enfermagem de Saúde Materna e Obstetrícia; fiz uma visita-relâmpago à Joana, em Amesterdão, para conhecer o seu bebé; e tivemos as habituais festas de anos, jantares de amigos e idas ao futebol - até tive o prazer de levar a tia Mila de volta a Alvalade!  

Visita de 24 horas à Joana em Amesterdão

Exposição Harry Potter (traduzida pela Trustlation)

A Tia é uma força da natureza! 

O "bicho" entrou em Março e ficámos fechados em casa. Houve quem conseguisse fazer pão e trabalhos manuais, pôr a leitura em dia ou descobrir vocação para o homeschooling, mas aqui foi basicamente o caos: os miúdos em casa e a pedir atenção, o trabalho não diminuiu assim tanto e a Maria continuou a sair para trabalhar até ao Verão, por isso instalou-se uma anarquia de horários, ecrãs e desarrumação, como contámos à Ana Galvão da Renascença, uma das poucas pessoas que entrou em nossa casa nesses meses.

Também ficaram por usar os voos para as férias da Páscoa na Guatemala (com os amigos latinos), um casamento na República Checa e uma ida à Oktoberfest com os melhores amigos.  

Claro que houve coisas boas neste "novo normal": uma ínfima parte do tempo com os filhos foi "tempo de qualidade"; pudemos gerir mais livremente a nossa agenda, sem tantas solicitações; passámos a juntar-nos com amigos em parques e piqueniques; comecei a correr e consegui perder 7kgs (mas ainda tenho um longo caminho a percorrer). E os "nossos" bebés deste ano nasceram durante o primeiro confinamento: a sobrinha Madalena, o Vasquinho do Edgar e da Graze, a Teresinha da Ana e do Sérgio (mais tarde, nasceram a Ritinha, da Rita e do Bruno, e o Francisco, da Tânia e do Duarte).
Teletrabalho...
O primeiro aniversário festejado em Zoom com os amigos

Ana Galvão da Renascença em direto da nossa cozinha


Depois veio o calor, os dois rapazes ainda voltaram ao infantário e pudemos alargar um pouco os horizontes. Começámos com idas à praia, piqueniques e churrascos em quintais de amigos. Em Agosto, vivemos dias felizes na Costa e no Algarve, onde partilhámos casa com primas e amigos, e tivemos muito bons reencontros.

No "melhor dia para casar", celebrámos 10 anos de casados com a família alargada numa esplanada com a melhor vista de Lisboa, depois de uma missa celebrada pelo nosso amigo Artur, acabado de ser ordenado padre. Tivemos o batizado da sobrinha Madalena, de quem tive a honra de ser padrinho. Fomos ao Algarve casar a Belinha e o Luís, e a festa possível foi feita na praia. E acabámos o Verão num fim-de-semana fantástico com os amigos da Costa. No fim do ano, passámos a fazer parte de uma Equipa de Casais de Nossa Senhora e a nossa Luisinha fez a Primeira Comunhão.
Com o padre Artur

10 anos de casados

Na Costa com os primos do Brasil

Com a prima Mar em Tavira

Com Mafalda e André na Praia da Luz

Fim-de-semana com amigos da Costa

Primeira Comunhão da Luísa no Campo Grande

No ano de todas as quarentenas, os frutos da colheita de 1980 viraram quarentões. Boa parte das festas ficaram adiadas para melhores dias, mas nós tivemos a sorte de apanhar uma época mais desconfinada do ano. A Maria organizou uma caminhada e piquenique em Sintra, um programa bem ao seu gosto. Eu festejei os quarenta numa tarde memorável no Páteo Alfacinha, e num tiro de sorte consegui ter o enorme Miguel Araújo em concerto exclusivo
Anos das Marias em Sintra

Um dueto improvável a "ver os aviões"

A terminar um ano pesado, onde vários amigos perderam pais e avós, tivemos a notícia de que o Pai tem um cancro nas vias biliares, sem tratamento possível, por isso temos um tempo escasso para aproveitar a sua companhia. É o que estamos a tentar fazer e é a nossa prioridade para os próximos meses.



No fundo, não há anos bons e anos maus. Em todos temos de multiplicar a alegria e apoiar-nos nas dificuldades. E o milagre da vida trará sempre novas razões para sorrir: em meados de fevereiro, se Deus quiser, nasce o nosso João Pedro! E não podíamos desejar melhor motivo para encarar 2021 com otimismo.

Que o ano novo nos devolva os abraços, a liberdade de movimentos, os bailaricos e, já agora, o Sporting campeão!


sábado, 25 de fevereiro de 2017

Amor de Mãe

Fonte
No sorriso louco das mães batem as leves
gotas de chuva. Nas amadas
caras loucas batem e batem
os dedos amarelos das candeias.
Que balouçam. Que são puras.
Gotas e candeias puras. E as mães
aproximam-se soprando os dedos frios.
Seu corpo move-se
pelo meio dos ossos filiais, pelos tendões
e órgãos mergulhados,
e as calmas mães intrínsecas sentam-se
nas cabeças filiais.
Sentam-se, e estão ali num silêncio demorado e apressado
vendo tudo,
e queimando as imagens, alimentando as imagens
enquanto o amor é cada vez mais forte.
E bate-lhes nas caras, o amor leve.
O amor feroz.
E as mães são cada vez mais belas.
Pensam os filhos que elas levitam.
Flores violentas batem nas suas pálpebras.
Elas respiram ao alto e em baixo. São
silenciosas.
E a sua cara está no meio das gotas particulares
da chuva,
em volta das candeias. No contínuo
escorrer dos filhos.
As mães são as mais altas coisas
que os filhos criam, porque se colocam
na combustão dos filhos, porque
os filhos estão como invasores dentes-de-leão
no terreno das mães.
E as mães são poços de petróleo nas palavras dos filhos,
e atiram-se, através deles, como jactos
para fora da terra.
E os filhos mergulham em escafandros no interior
de muitas águas,
e trazem as mães como polvos embrulhados nas mãos
e na agudeza de toda a sua vida.
E o filho senta-se com a sua mãe à cabeceira da mesa,
e através dele a mãe mexe aqui e ali,
nas chávenas e nos garfos.
E através da mãe o filho pensa
que nenhuma morte é possível e as águas
estão ligadas entre si
por meio da mão dele que toca a cara louca
da mãe que toca a mão pressentida do filho.
E por dentro do amor, até somente ser possível
amar tudo,
e ser possível tudo ser reencontrado por dentro do amor.
Herberto Hélder

A minha Mãe faz 75 anos.

Maria Isabel, como a mãe que cegara antes de a ver nascer e que perdeu aos sete anos. Perder é uma forma de dizer, porque na comunhão dos santos só há ganhos e o modelo da Avó foi e é bem presente.

Primeira menina depois de seis rapazes, ainda teve mais dez irmãos. Daqui resultaram 61 sobrinhos, 83 sobrinhos-netos e uns quantos sobrinhos-bisnetos. Primos também não faltam, porque o seu avô paterno já tinha sido pioneiro da prole "chapa 17" e pelo lado materno também não eram poucos. Esta abundância familiar, que não se esgota nos números, foi sobretudo uma escola de partilha e de atenção multiplicada, mais do que dividida. E ajudou a exercitar a proeza de saber de cor as datas de nascimento de meio mundo.

Estudou para professora primária na Veneza portuguesa. Ensinou três anos no Minho dos anos 60 e das sopas de cavalo cansado. Os pais iam à escola dar-lhe luz verde para bater nos filhos, mas não ia nessa conversa. Consta que deixou boas memórias, mas fartou-se e trocou Famalicão por Lisboa.

Por cá, conheceu um engenheiro ribatejano, namoraram 9 meses e passado outro tanto de terem casado nascia a primogénita. Dois anos depois, vinha um rapaz. Foi preciso esperar mais dez para vir a obra-pr... o benjamim. E "colocou-se na combustão dos filhos", a tempo inteiro. O tempo todo para nós, querem maior luxo? Por isso pude ficar em casa até aos cinco anos. Por isso pude gozar livremente tantas tardes na infância, sem outra "ocupação de tempos livres" que não fazer aquilo que bem me apetecia.

Estando disponível para nós a 100%, nunca nos prendeu. Sempre pudemos ir sozinhos para a escola, escolher as actividades e os estudos de que gostávamos, amar quem escolhemos, sem interferências. Nos anos que vivi em Londres, nunca fez da distância um drama. O horizonte das sua ambição para nós não é "deste mundo".

Sempre nos mostrou que a Fé é o mais importante. Foi catequista, orientou grupo de jovens, preparou noivos, esteve em grupos de casais. Fez amizade nos vários mosteiros onde passávamos férias e pela nossa sala de jantar passaram muitos padres. Quando foi possível, conquistou o seu cantinho em Fátima, onde sempre foi amiúde.

Não gosta especialmente de cozinhar e já delegou nos filhos o papel de reunir a família à mesa, mas continua a brindar-nos com o melhor bolo do mundo. O excesso de açúcar nunca foi drama lá em casa, ou não tivesse o próprio Abade de Priscos andado pela cozinha dos meus bisavós. Nunca acabava um doce sem me chamar para rapar o tacho, com o mesmo ar maroto com que hoje enche os netos de biscoitos.

Aos 75, continua fresca. Atenta a todos, agora ainda com maior alcance pela janela do Facebook. A cuidar do marido, adaptando-se ao seu ritmo. A cuidar dos netos sempre que precisamos. E a confiar-nos todos os dias nas mãos de Deus. Assim Ele a mantenha.

A minha Mãe faz anos. Mas a maior felicidade é nossa.

sábado, 31 de dezembro de 2016

2016 em balanço

No último dia do ano, ressuscito o Fio Mental para recordar tanto que tenho a agradecer em 2016.

O ano ficou marcado pela nossa viagem de 20 semanas pela América do Sul. Um projecto a que chamámos O Verbo Ir, com direito a blogue, Facebook e Instagram, e 17 artigos no Observador. Em 140 dias, visitámos 40 cidades na Colômbia, Equador, Peru, Chile, Argentina, Uruguai e Brasil. Tomámos banho nas águas quentes de Cartagena e do Rio de Janeiro, tiritámos a -17ºC no deserto de Atacama e brincámos na neve em Bariloche. Estivemos ao pé de lamas, baleias e pinguins, vibrámos com a vista de Machu Picchu ou das Cataratas do Iguaçu, mas no top das memórias ficaram-nos as experiências humanas: fomos recebidos em 11 casas, conhecemos primos no Rio, falámos com um dos famosos mineiros chilenos e passámos uma semana de sonho com grandes amigos na Colômbia. E tudo isto valeu sobretudo pelo privilégio de estarmos os quatro juntos, 24 horas por dia, durante tanto tempo.


Apesar destes meses de férias alargadas, foi um ano muito exigente a nível profissional. Abri uma empresa de traduções, a Trustlation, com o meu amigo Luís, e a experiência está a ser muito boa. Continuo a produzir o Lusofonias, o programa da FEC na Rádio Sim, onde entrevistámos mais 52 pessoas, como o Júlio Isidro, a Laurinda Alves ou a Secretária de Estado Ana Sofia Antunes. No primeiro semestre, fiz também as newsletters da FEC. Escrevi 9 artigos para a secção Nostalgia do Observador. Fiz um curso de blogues com o Arrumadinho e um curso de escrita de viagens com o Tiago Salazar na Palavras Ditas.


Nasceu a minha sobrinha e afilhada Benedita, o Pedro (Marlene e Paulo), o Filipe (Francisca e Thiago), a Maria Inês (Ana e Paulo), a Isabel (Sofia e Pedro), a Clarinha (Rita e Bruno), o Tomás (Diana e Pedro), o Lourenço (Joana e Vasco) e a Maria (Isa).  Pela primeira vez em muitos anos, não tivemos nenhum casamento (teremos em 2017!), mas fomos a três baptizados. Acompanhámos amigos nas duras despedidas de pais e avós. Fui com o Vasco ver o Sporting a Alvalade 15 vezes. Fui com a Maria ouvir António Zambujo e Miguel Araújo no Coliseu, e Ivete, D.A.M.A e Maroon 5 no Rock In Rio. Andámos com os miúdos de autocaravana, passámos um fim-de-semana no Algarve e outro em Fátima, com amigos. E continuo a visitar o Lar de Nossa Senhora da Vitória.

Que o ano de 2017 nos traga muitas oportunidades para sermos melhores e darmos mais de nós!

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Diá-Lu-gos #9

Lu: - Pai, para que é que serve a língua?
Eu ponho a língua de fora e explico: - Estás a ver estas pintinhas? Elas servem para ver se a nossa comidinha é doce, salgada ou amarga... É a língua que nos diz qual é o sabor dos alimentos.
Lu pensativa: - Ela diz... mas nós não ouvimos?!

sábado, 19 de setembro de 2015

Em Roma - programa cultural

Na quarta à tarde, tivemos direito a uma visita guiada pelo D. Carlos Azevedo aos Museus do Vaticano e à Basílica de São Pedro. Já lá tinha estado, mas com uma boa explicação de quem percebe do assunto faz toda a diferença!
D. Carlos Azevedo deu-nos uma lição de História de Arte
O grupo à porta da Basílica de São Pedro
Antes do jantar, parámos numa esplanada para retemperar forças com uma Peroni e brindar aos anos do Edgar, o nosso logístico em Bissau.
Fim de tarde em Trastevere
Jantámos na Trattoria degli Amici, um restaurante gerido pela Comunidade de Sant'Egidio, que integra pessoas com deficiência no seu staff - e serve uma óptima comida italiana a preços decentes. Juntaram-se a nós o Pe. Nuno Gonçalves, jesuíta, actualmente à frente da Faculdade de História da Universidade Gregoriana, que eu conhecia dos tempos em que orientou o grupo de CVX dos meus Pais, e o Attilio Ascani, director da FOCSIV, a congénere italiana da FEC.
Jantar na Trattoria degli Amici
Na quinta-feira, o meu avião partia ao início da tarde, por isso madruguei novamente para aproveitar a manhã ao máximo.
Na Praça de São Pedro
Na Piazza Navona
Na Via dei Portoghesi, onde fica a Igreja de Santo António dos Portugueses
Depois de muito andar, e seguindo os conselhos de quem lá vive, passei na geladaria Frigidarium para o merecido antídoto contra o calor húmido da cidade.
Tive de conferir se era mesmo a melhor geladaria de Roma
Antes de rumar ao aeroporto, fiz uma visita à Rádio Vaticana, que transmite o nosso programa Lusofonias. Foi bom dar um rosto às pessoas com quem troco e-mails semanalmente.
E assim foi esta visita de dia e meio à capital italiana!

Em Roma - a Audiência

O adeus do Papa aos leitores do Fio Mental
Todas as quartas-feiras de manhã, o Papa Francisco saúda os milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro. É a chamada Audiência Geral. Através do Embaixador na Santa Sé, a FEC conseguiu um lugar especial, mais perto do Papa, para a sua delegação de 17 pessoas. Levámos-lhe como presente um kit de publicações que ilustram o trabalho da FEC, embrulhado em panos da Guiné-Bissau.
O presente para o Papa: publicações da FEC em panos da Guiné-Bissau
O dia começou muito cedo, com uma missa às 7h30 na Capela de Santa Mónica (mesmo à entrada da Praça de São Pedro), celebrada pelo D. Carlos Azevedo, o bispo português que é uma espécie de "vice-ministro da Cultura" do Vaticano.
Missa na Capela de Santa Mónica
Fomos depois tomar os nossos lugares junto ao palco montado à porta da Basílica de São Pedro.
A entrada do grupo na Praça de São Pedro
Uns minutos antes das 10 horas, o papamóvel deu umas voltas pelo meio da multidão reunida na Praça de São Pedro.
O papamóvel dá uma volta pela multidão reunida na Praça de São Pedro
O Papa Francisco saúda os fiéis na Praça de São Pedro
Nessa altura, alguém referia aos microfones os vários grupos presentes na Audiência, incluindo a delegação da Fundação Fé e Cooperação.
A Equipa FEC em festa quando a sua presença é anunciada nos microfones
(e um sósia do famigerado Padre Frederico...)
O Papa fez então uma curta catequese sobre a família, a poucas semanas do Sínodo sobre o tema.
Durante a catequese
No final da catequese, o Papa Francisco dirigiu-nos (em italiano) uma saudação especial:
«Saúdo os peregrinos de língua portuguesa presentes nesta audiência, e através de cada um de vós, saúdo a todas as famílias dos vossos Países. Dirijo uma saudação particular aos membros da Fundação «Fé e Cooperação» de Portugal e aos grupos de brasileiros. Deixa-vos guiar pela ternura divina, para que possais transformar o mundo com a vossa fé. Deus vos abençoe.»

Junto a nós estava um grupo vindo da China, onde a Igreja ainda é clandestina e a liberdade religiosa uma miragem para os estimados 8 milhões de "católicos clandestinos". O Estado chinês só admite uma "Igreja oficial", com bispos designados pelo Governo, por isso estes turistas que vieram ao Vaticano arriscam-se (segundo os próprios me contaram) a sofrer represálias quando voltarem ao seu País.

Seguiram-se os cumprimentos do Papa aos representantes dos vários grupos presentes e também a dezenas de noivos que ali estavam.
Jorge Líbano Monteiro (Presidente do Cons. Administração), Frederico Magalhães (vogal do Cons. Administração)  e Susana Réfega (Directora Executiva) entregam ao Papa os presentes da FEC

Estava uma manhã de calor (30ºC), apenas cortado pelo vento, mas nem por isso o Papa se apressou nos cumprimentos e na conversa com cada um. No total, levou nisso hora e meia. À distância a que estávamos, uns 10 metros, gritámos-lhe que o esperávamos em Portugal e cantámos em modo repeat o Avé de Fátima.
Sempre bem disposto, depois de hora e meia de cumprimentos

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Em Roma

Quarta vez em Roma. A primeira foi nas Jornadas Mundiais da Juventude, em 2000, uma óptima experiência mas da cidade pouco vi. Na segunda, em 2002, desforrei-me e estive uma semana inteirinha (valiam-nos as férias de universitários) em que vi quase tudo, incluindo João Paulo II à distância de um braço. Na terceira, grávidos da Luísa, vim com a Maria visitar um primo a Florença e ficámos cá um par de dias à chegada e à partida, com direito a participar na beatificação de JP2. Desta vez, vai ser uma visita-relâmpago de menos de 48 horas: a FEC (www.fecongd.org), de cuja fantástica equipa faço parte desde 2009, faz 25 anos e conseguiu lugares especiais para a Audiência desta quarta-feira; quem quisesse aproveitar a oportunidade, vinha à sua custa (que no mundo das ONG não há cá pão para malucos), e o facto de termos vindo 17 (e os que não vieram foi só porque não podiam mesmo) diz muito sobre o gosto de fazer parte desta família. Uma família da qual também faz parte a minha irmã, que faz a gestão financeira dos projectos.

Aterrei quase à meia-noite em Ciampino. A Ryanair não só voa a menos de metade do preço da concorrência, como voa para um aeroporto que é mais próximo do centro do que Fiumicino e que obriga os aviões que lá pousam a sobrevoar o centro histórico. Não há melhor introdução do que ver do céu a bela Roma iluminada! Como o aeroporto era mínimo e eu só trazia uma mochila, demorei literalmente 5 minutos entre a porta do avião e a carrinha do transfer que me trouxe em meia hora até às portas do Vaticano. À hora que cheguei já não havia transportes públicos, mas o bom Google arranjou-me uma solução três vezes mais barata que vir de táxi. "Ah e tal, mas isso é seguro?" - muito receio tem a malta... por algum motivo fui o único a vir na Ryanair, cuja frota tem uma idade média muito inferior à da TAP e nenhum acidente para contar. Mas eu sou da onda do "non abbiate paura", dito nesta mesma cidade em 1978, e gosto de levar esse lema das coisas mais profundas às mais triviais.
Estamos instalados no Colégio Português, onde vim jantar em 2002 com o Pe. Rui Rosmaninho e onde o meu irmão viveu uns tempos. Está um calor húmido insuportável, o único senão nesta cidade lindíssima onde - vou dizer baixinho para a Maria-sempre-pronta-a-bazar não me ouvir - até me imaginaria a viver.

E agora chega de conversa, que amanhã o dia vai ser cheio e começa logo às sete da matina!

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Bodas de madeira

Um lustro. Cinco aninhos. O melhor dia para casar. Dia de Santo Inácio de Loyola. Não nos cansamos de rever o resumo de um dia tão feliz.

Éramos 218 nesse dia. Entre os presentes, tivemos desde então 9 casamentos e 60 nascimentos (e mais 8 a caminho), mas também 9 pares desfeitos e 3 mortes.

Dizem que estas são as bodas de madeira, mas ainda não temos caruncho. Nem fazemos tábua rasa do que então prometemos. Temos sempre gosto em receber à nossa mesa. Continuamos a gostar do verbo "ir" (temos bicho-carpinteiro) e danados para a brin-cadeira.

Hoje vamos festejar ao som destes dois senhores:

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Força, Nuno!!

O meu amigo Nuno España gosta de desafios. Correu a primeira maratona há três anos e nunca mais parou. Passou das maratonas para as ultramaratonas e fez a mítica Comrades da África do Sul - uns meros 89 quilómetros! Seguiu-se o desafio do IronMan - um triatlo com 3,8 kms de natação, 180 kms de bicicleta e 42 kms de corrida - que completou em Frankfurt há um ano.

É já este sábado que o Nuno vai fazer aquele que muitos consideram o triatlo mais díficil do mundo, o Norseman, na Noruega. Com outros 235 malucos (é o único português na prova), vai saltar de um ferryboat para nadar 4 kms num fiorde, onde a água está a 11ºC. Seguem-se 180 kms pelas montanhas, com grandes subidas. Por fim, uma maratona, cujos últimos 17 kms são uma subida em trail à montanha de Gaustatoppen - um final tão duro que são obrigados a levar um acompanhante, neste caso o fiel amigo Pe. Ismael.

Para terem ideia do que é a prova, vale a pena ver este vídeo:

A maioria de nós não percebe o que leva uma pessoa a meter-se nestes trabalhos. Ele lá saberá o sentido que tem. Mas quis dar também um sentido no qual todos pudéssemos participar, e com o seu esforço está a mobilizar donativos para a Casa das Cores.

Convido-vos a espreitar a campanha em http://ppl.com.pt/pt/causas/casa-das-cores e a acrescentar qualquer coisinha.

Sábado vamos estar todos a torcer pelo Nuno, e o melhor incentivo que lhe podemos dar é fazer crescer o valor angariado!