domingo, 22 de junho de 2014

Ainda os cromos

Prestes a colar o cromo do Ronaldo (passe o pleonasmo)
Se eu já estava entusiasmado quando escrevi o post anterior sobre cromos, muito mais fiquei desde então! Por me faltarem cada vez menos cromos*, cada vez é mais difícil encontrar os que me faltam e mais pica a coisa dá! Porque, como nerd do Excel e das listas, dá-me muito gozo ir gerindo as trocas nesta tabela. Porque me ajuda a desanuviar da tensão provocada pelo nosso arranque embaraçoso neste Mundial - eu sou dos que sofrem com isto, mas também sou optimista e acredito que vamos dar a volta. Mas não é só por isto.

Além de tudo o que os cromos nos podem ensinar sobre economia, como explica este artigo do The Economist, é a interacção humana que me dá mais gozo. A seguir ao post no blogue, publiquei também no meu mural do Facebook a minha lista de faltas e repetidos, o que gerou uma onda de respostas. Já mandei cromos pelo correio para Inglaterra, já me encontrei com vizinhos, já visitei amigos, já me correspondi com primos. A caderneta vai ficando cada vez mais preenchida e, entre a conversa de números-para-cá, números-para-lá, fala-se também de outras coisas e vamos sabendo uns dos outros. Fomenta-se também o altruísmo: já procuro também cromos para amigos de amigos, que nem sequer conheço, porque "só lhe faltam estes 3 e não encontra em lado nenhum" (versão croma dos favores em cadeia).

É por isto que eu gosto dos cromos. Pela mesma razão que tento sempre ver o futebol acompanhado. Podem ser coisas meio inúteis, com interesses por trás (as vendas da Panini ou os milhões dos clubes e empresários), mas dão-nos pretexto para meter conversa.

E, já agora, que hoje os nossos cromos não nos desiludam!

* 60 cromos, a saber: 12, 14, 15, 30, 37, 41, 77, 92, 96, 110, 135, 136, 140, 144, 150, 154, 171, 176, 178, 234, 260, 265, 273, 283, 288, 291, 300, 315, 338, 342, 351, 353, 358, 359, 364, 365, 394, 397, 401, 407, 430, 439, 452, 466, 483, 487, 544, 548, 568, 571, 575, 587, 593, 602, 618, 621, 628, 629, 633, 636. Quem me ajuda? Os meus repetidos para a troca: 85, 229, 262, 322, 339, 429, 435, 509, 513, 515, 535, 542.

Diá-Lu-gos #5

No carro, a caminho do supermercado, decido explicar à Luisinha o porquê da festa do primo João, que hoje fará a Primeira Comunhão:
- Quando a Lu vai com o Pai à missa, há uma altura em que o Pai vai lá à frente, ao pé do Senhor Padre, para comer uma coisa branca, redonda. Sabes o que é?
Já me preparava para puxar pela cabeça, para explicar a uma criança de 2 anos a transubstanciação, em que os católicos acreditam, quando ela responde muito prontamente:
- O Corpo de Cristo!
E ficámos assim: - Sim, Luisinha, hoje o primo João vai receber o Corpo de Cristo pela primeira vez, e nós vamos à festa.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Bamos lá, cambada!

Desde o seu início que o MSV vende t-shirts como forma de angariação de fundos para os seus projectos. Durante muitos anos, fazíamos poucas e eram os voluntários a vendê-las no fim das missas, o que ainda fazemos. Quando arrancámos com projectos profissionais (o Sentidos e a Casa das Cores), pegámos nesta campanha que funcionava bem e tornámo-la também mais profissional: todos os anos produzimos uma colecção de 5-10 mil t-shirts e "montamos a banca" em mais de 200 empresas e colégios (a propósito, se ainda não fomos à sua, ajude-me a consegui-lo!). A ideia é vender às pessoas um produto giro, útil e de qualidade, e não um merchandising "só para ajudar".

Esta imagem é um cheirinho da colecção 2014, que podem ver e comprar na Loja Online do nosso site (ou mandem-me um mail com o vosso pedido e faço-vos chegar).
Como é hábito no mundo das instituições, pedimos ajuda para ter novos desenhos todos os anos - a amigos designers, agências ou até ao IADE. Mas há sempre alguns que acabam por ser feitos pela carolice "da casa". O multitasking é essencial para trabalhar numa instituição, porque nalgum momento há que fazer de tudo; tem a grande vantagem de não ser monótono e de aprendermos muito. Já aprendi a programar sites e a fazer o básico com ferramentas de desenho. Para fazer t-shirts, por exemplo.

Como este ano havia Mundial, e ainda por cima tínhamos a sorte de ter um dos 23 seleccionados, o Ruben Amorim, a dar a cara pela Casa das Cores, não podíamos deixar de fazer uma t-shirt com as cores de Portugal, a exaltar valores positivos que não se esgotam no futebol. E assim saiu a obra deste vosso amigo:
"Vamos lá cambada" e "força nas canetas" não podiam faltar!
Não é gira? Toca a comprar na Loja Online do MSV!
Tamanhos: criança 5/6, 7/8, 9/11 e 12/14 anos;
senhora, com e sem mangas, do XXS ao XL; homem, do S ao XXL
Aqui fica a minha proposta de equipamento para assistir aos jogos da selecção, e para usar nos festejos, que esperamos fazer nas ruas de Portugal (e não só, que já vivi um Mundial em Londres e também lá conseguimos parar o trânsito), nas próximas semanas! Se não gostarem desta, têm muito por onde escolher, para miúdos e graúdos, aqui: www.msv.pt/loja.php?conteudo=loja_tshirts

sábado, 7 de junho de 2014

Anda comigo ver os aviões

Perante eventos de multidões, a maioria das pessoas tem uma de duas atitudes: a) fugir da cidade ou evitar sair de casa; ou b) querer meter o nariz em tudo o que for possível. Eu sou claramente dos segundos!

Apesar de não estar entre os sortudos que conseguiram assistir no estádio à final da Champions, tentei aproveitar ao máximo a animação daqueles dias. Na véspera, aproveitando a sorte que é trabalhar na Baixa, fui até ao Terreiro do Paço ver a própria taça (chamam-lhe a "orelhuda"); dava para tirar uma fotografia mesmo ao lado, mas como a fila era enorme, fiquei-me por esta selfie.
No dia do jogo, espicaçado pelas notícias de que haveria um recorde de tráfego aéreo na Portela, levei a Luisinha a ver os aviões aterrar e descolar (Joana, lembrei-me de ti). Há sempre por ali uns "planespotters" (pessoas que gostam de ver ao perto e fotografar aviões), que naquele dia eram dezenas! A Luisinha apreciou tudo com muita atenção, desde o barulho da aceleração no descolar ao fumo do trem de aterragem quando toca na pista.
Os "planespotters" com especial atenção ao Boeing 777-200ER da Emirates,
por sinal o patrocinador do Real Madrid, vencedor da Champions
À noite, mal os "merengues" levantaram a taça, fui dar uma voltinha na minha lambreta, Avenida da Liberdade abaixo, para checar os festejos dos nuestros hermanos que invadiram Lisboa. Tudo alegre, mas dentro do ordeiro e buena onda.
Acabei por ir ter com amigos ao novo Mercado da Ribeira, onde também vi várias caras da televisão - Lisboa é uma ervilha e anda tudo ao mesmo. Em véspera de eleições, os manos António e Ricardo Costa petiscavam por ali, a seguir ao jogo, quem sabe se a delinear tácticas para outros jogos.
Assim se passou mais um grande evento na nossa cidade. Provámos ao mundo, mais uma vez, que podemos não ter muito jeito para nos governar a longo prazo, mas somos do melhor a organizar festas. E, confesso, não tenho nada contra a formiga, mas foge-me o pé para a cigarra.

domingo, 1 de junho de 2014

Voltar a ser criança

O Dia da Criança é perfeito para vos revelar que, passados 20 anos desde a última colecção que tinha feito, volto a estar viciado em cromos! É básico? Sim. Inútil? Também. Um desperdício de dinheiro? De certa forma. Mas é tão bom voltar a sentir aquela adrenalina de abrir uma carteirinha nova, de ver as equipas a ganhar rostos, de ir riscando os números na lista (até poder mandar a cartinha mágica a pedir os últimos), que não resisti à sugestão dos meus amigos Carlos e Ascensão e caí nos braços da Panini.
Iniciei-me nos cromos há 30 anos. Tinha três aninhos e ajudava o meu irmão a colar cromos nesta caderneta do Euro 1984. Portugal tinha craques como Jordão, Veloso ou Chalana, com os seus visuais à anos 80, num campeonato em que o maior cromo foi Platini - já então nosso inimigo.
A partir daqui, comecei a fazer colecções por conta própria: cadernetas de desenhos animados, de animais, até uma original com notas de todo o mundo, mas o que me dava mesmo pica era o desporto. Lembro-me de vibrar com a caderneta da NBA, numa altura em que a RTP transmitia os jogos ao fim-de-semana, mas a colecção que provocou a maior febre entre colegas de escola foi a do campeonato 93-94. E acho que a coisa parou por aí. Dos 4 aos 14 anos, o razoável.

Mas o coração tem razões que a própria razão desconhece e, com a desculpa de iniciar a Luisinha neste passatempo, comecei a comprar os cromos do Mundial. Na impossibilidade de estar no Brasil e viver por dentro o campeonato, como fiz no último Europeu, desforro-me nos cromos. A primeira vez que cheguei ao quiosque para pedir carteirinhas (é todo um vocabulário que renasce) teve o seu quê de embaraçoso, mas afinal de contas a moda dos revivalismos anda aí e também não há que ter vergonha de ser infantil nalgumas coisas.

A Luisinha achou graça a colar "os meninos", e até se ajeitou com aquilo, mas aqui o "arrumadinho" punha-se nervoso quando ela os colava tortos, sem ficarem rigorosamente dentro do rectângulo previsto, pelo que, para bem dos dois, passei a abrir muitas saquetas às escondidas... no fundo, ela ainda não acha assim taaaanta piada àquilo, ok?
A Luisinha muito compenetrada a colar os cromos...
...e eu a sofrer por dentro quando eles ficavam um bocadinho tortos!
Como se isto não bastasse, e depois de, à primeira, ter achado uma ideia estapafúrdia, viciei-me também na colecção virtual do Mundial, que tem a grande vantagem de ser grátis e mais rápida, pelo que estou quase a acabar. Já na versão em papel, ainda me faltam uns 400 cromos... é que quer a Panini, quer a FIFA, cresceram no olho para o negócio: hoje o número de selecções num Mundial é maior (32, desde 1998; até aí eram 24), o que dá mais de 600 cromos!

E desse lado, quem tem repetidos para a troca?