segunda-feira, 28 de abril de 2014

Bem-vindo à Família!

O nosso Manel já faz parte da grande família sportinguista, que nisto da clubite mais vale não dar abébias para muita escolha. Esperar por uma idade em que ele já dissesse "ah e tal, mas o Benfica / o Porto é que ganha sempre" era um risco! Nada como educar para a paciência e explicar que nem sempre os melhores conseguem ganhar (porque o sistema isto e aquilo), mas nem por isso deixam de ser melhores. Porque sim.
Saudações Leoninas!

sábado, 19 de abril de 2014

A minha Páscoa

Quadro da nossa sala, oferecido pelo querido amigo João Ribeiro
Envolto na atmosfera natalícia em torno do Manel, foi quase de surpresa que a Páscoa me bateu à porta. De repente, estava a reviver a Última Ceia e o lava-pés, ontem a acompanhar a morte de Jesus e daqui a umas horas estarei a reacender a luz da Vida que triunfa sobre a morte, na mais bela missa do ano.

Se, no Natal, o Menino ainda consegue espreitar, tímido, dos presépios que resistem, na Páscoa (pelo menos a Sul) o crucificado passa quase despercebido entre o coelhinho e os seus ovos de chocolate. Eu até sou a favor do pretexto para atafulhar os putos em açúcar - estarei para o "anti-glicosismo" como o Miguel Sousa Tavares para o anti-tabagismo - , mas nunca gostei de coelhos, nem na cartola, nem no prato, muito antes de ser um animal politicamente impopular.

A existência do Jesus histórico é aceite por quase todos. O nascimento nas palhinhas e a morte na cruz são factos profusamente documentados e passam no crivo dos mais cépticos. Já a ressurreição ao terceiro dia, apesar dos escritos da época e do sangue dos primeiros cristãos que deram a vida pelo que viram e ouviram, custa mais a entrar, o que é humanamente natural (vd. Tomé).

Mas se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa fé, já dizia São Paulo. É este o mistério que esta noite revivo e que dá sentido à minha vida. É esta fé na ressurreição (na de Jesus e na minha) que me faz não depender a felicidade da saúde e da sorte, que nunca dominarei por inteiro e que têm prazo de validade. Não são as boas acções dos cristãos que me convencem, embora sejam um precioso testemunho, nem são as más acções dos cristãos que me afastam, embora sejam uma torpe pedra no sapato. Mas não podia ser doutra maneira, porque todos vivemos entre esses dois pólos e o caminho da santidade (isto é, da coerência com o que se acredita) não é fácil (vd. negação de Pedro).

A virtude e o mérito são importantes, e são comuns a crentes e não crentes, mas o que muda tudo é aquilo que vemos ao fundo do horizonte. Quem foi é Jesus para mim? Na Páscoa relembro que o mais importante, a vida eterna, já me foi oferecido pela entrega do Deus-Homem, e peço-Lhe que mo recorde sempre que o sofrimento me tolher a vista.

Há 5 anos

Fez hoje 5 anos que tirei esta fotografia em Antigua, no último dia de férias na Guatemala. Na véspera tínhamos estado no animado casamento do Roberto e da Marianne, que fora o pretexto da nossa ida.

Quando o Roberto nos avisou que ia casar, eu tinha regressado há um ano a Portugal, tinha tido um par de trabalhos precários e a conta bancária aproximava-se perigosamente do zero. A sensatez desaconselhava que gastasse na viagem, mas não quis abdicar de estar presente num momento único da vida deste grande amigo que fiz em Londres (o mesmo por quem há meses fiz 700kms só para passar um serão). Acabei por arranjar emprego mesmo antes da viagem, e até hoje não mais passei pelo desemprego. Várias vezes na vida tive estes sinais de que não me arrependeria de decidir com o coração.

Foram 10 dias muito intensos, como sempre que se junta este grupo de amigos luso-guatemal-colombiano, e foi lá que a Maria os conheceu. Passámos um fim-de-semana numa casa sobre o magnífico Lago Atitlán, onde acordávamos com esta vista...
Seguimos depois para o norte da Guatemala, onde visitámos, debaixo de um calor extremo, as ruínas de Tikal, uma das maiores cidades maias, que é Património Mundial da UNESCO. Estávamos por aqui na noite em que sonhei com o nascimento do meu afilhado Tomás e, ao acordar, uma mensagem no telemóvel dava-me a notícia de que tinha mesmo nascido!
Por fim, fomos para a pitoresca cidade colonial de Antigua, onde ia ser o casamento. Além da alegria de estar presente naquele momento da vida do meu amigo, com o privilégio de ser um dos padrinhos, foi uma festa em que a pista de dança esteve cheia desde o primeiro momento, e nós fomos os primeiros a entrar e os últimos a sair!
Por estes dias tenho-me lembrado muito desta viagem. Porque temos trocado mensagens, porque o Tomás fez 5 anos, porque morreu o colombiano García Márquez... e porque estamos a equacionar uma reunião deste mesmo grupo (desde a foto acima, reforçado com 6 crianças) lá para Setembro, em terras colombianas. Se é verdade que a brincadeira não sai barata e tudo à nossa volta diz que não é altura para grandes avarias, não é menos verdade que as oportunidades são para aproveitar e cheira-me que, uma vez mais, vamos decidir com o coração...

sábado, 12 de abril de 2014

Os dias no hospital

Muito haveria a contar sobre estes primeiros dias, mas, como dizia o outro, não tenho tempo. Enquanto nos primeiros dias depois do nascimento da Luisinha fui, em grande parte, um espectador babado, desta vez há muito mais coisas (práticas e emocionais) a gerir e menos tempo para relatos e fotografias. Mas não queria deixar de guardar aqui, por tópicos, algumas recordações do tempo passado no Hospital de Santa Maria, onde a Maria e o Manel estiveram até quinta-feira:

- Já não me lembrava de metade dos cuidados que é preciso ter com uma criatura tão pequena. Não me lembrava do cordão umbilical pendurado com uma mola, de limpar as necessidades com uma compressa molhada, ou do delicado que é para a mãe o começar a dar de mamar.

- Uma vez mais, saímos satisfeitos com o hospital público. Ao nível médico, ficamos mais descansados e de facto foi tudo "sem espinhas". Para estadia ao nível de hotel, temos outras oportunidades. Além de que é um descanso só haver 2 horas para visitas gerais... Eu podia estar entre as 13h e as 20h, o que é bastante razoável, sobretudo tendo a Luisinha em casa.

- Dentro e fora do horário, a Maria foi recebendo as visitas das colegas enfermeiras do seu serviço. Com o seu bom feitio, claro que gostou e não se importou nada, mas calculo que nem todas gostassem de ter colegas de trabalho a aparecer no quarto a meio das visitas da família ou de uma mamada...

- O quarto onde a Maria e o Manel ficaram tinha vista para o Estádio do Sporting. Querem melhor prenúncio do que este? Bem lembrado pelo meu amigo Nuno España, tratei de uma coisa importante logo no primeiro dia de vida: o Manel é o sócio 107.358 do Sporting Clube de Portugal!

- O registo da criança faz-se num balcão no próprio hospital, é muito prático! Ficou Manuel Francisco Albino Tavares. Manuel porque eu sou Tiago Manuel e porque sempre gostámos do nome; Francisco é um nome que também gostamos muito, que não poríamos como primeiro porque já temos um sobrinho e, tendo sido ideia da Maria, claro que aqui o papista aprovou. É o primeiro bisneto do meu avô Tavares com a prerrogativa de passar aos filhos o nosso apelido sefardita. 

- Na naturalidade, podemos escolher entre a freguesia do hospital e a da residência. Quando nasceu a Luisinha, morávamos na freguesia de Nossa Senhora de Fátima e obviamente que optei por lhe pôr a Nossa Senhora de Fátima no cartão de cidadão. Desta vez, como a nossa freguesia passou a chamar-se Avenidas Novas e a do hospital chama-se Alvalade, já estão a ver para onde pendeu o meu coração.
A nossa primeira foto de família a 4
Manuel, o Pensador
Quando a Maria voltou do lanche, encontrou-nos assim
Superman-el a sair do hospital

terça-feira, 8 de abril de 2014

Cenas de um nascimento

Hoje a Maria completava 40 semanas de gravidez, tinha consulta marcada para as 8h30. Estava de baixa há uma semana (sim, trabalhou nos Cuidados Intensivos até às 39 semanas!). Ontem brincámos a dizer que nasceria hoje, porque, tal como foi da Luisinha, ambos tínhamos cortado o cabelo e as amigas Francisca e Joana tinham vindo cá a casa na véspera. Adormeci a escrever mentalmente um post que hoje poria no blogue, a contar que já estávamos nas 40 semanas e que estava tudo a postos (entreguei tradução, deixei o trabalho sem grandes pendentes, a casa estava preparada e os avós maternos já tinham voltado do Brasil).

Acordou às 3 da manhã com contracções e foi aguentando. A Luisinha, como que a pressentir, acordou pouco depois, fez fita (agora acorda a meio da noite a dizer que não quer dormir mais), mas a Maria lá conseguiu voltar a adormecê-la, na nossa cama. Lá para as 6 da manhã, levantou-se, tomou banho e tomou o pequeno-almoço, nas calmas. Às 7h saiu A PÉ para o Hospital, convencida de que tudo iria demorar muito tempo, como as 12 horas do primeiro parto, e que eu teria tempo de acordar normalmente, preparar a Luisinha e levá-la ao infantário, e só depois ir ter com ela. Deixou-me este bilhete:
Note-se como primeiro vêm as instruções para preparar a Luisinha e só depois,
tipo pormenor, "vou directa às urgências... já te vou contando."
Acordei às 7h32, com o telemóvel a tocar na minha cabeceira, de um número desconhecido. «Estou a ligar-lhe do hospital, das urgências, a sua mulher já está aqui e vai subir para o bloco de partos, é melhor vir depressa.» Vieram-me à mente umas quantas asneiras, "só a Mary é que me faz destas..." Telefonei aos sogros, para virem depressa ficar com a Luisinha, e arranjei-me a correr. Fui para o Hospital a voar, de mota, a pensar "será que ainda chego a tempo?"

A senhora do guichet pediu-me para esperar que me chamassem e bitaitou: "se calhar já não vai poder assistir, como ela já entrou para o bloco de partos..." Como aprendi com o meu sogro a não me ficar com um "não", subi até ao piso do bloco, decidido a fazer marcação cerrada ao parto. Afinal ainda lhe estavam a pôr a epidural, já me chamariam. E assim foi: às 8h30 estava a vestir a bata verde para entrar na sala onde tudo se ia passar. Dei conta de que não tinha comido nada e, como sou hipersensível a sangues e afins, receei que, nalgum momento de maior tensão, pudesse cair redondo na sala de partos. Mas não, a Maria foi uma valente a fazer força e o Manel foi um despachado a sair, por isso nem deu tempo para mariquices! Às 8h55 ouvimos o seu primeiro choro e vimo-lo pela primeira vez!
Aqui fica a primeira foto. Não sendo fantástica,
ficará para a história como a primeira.
E assim foi, graças a Deus correu tudo bem e mãe e filho estão com muito boa cara, e na quinta-feira já devem ir para casa!
E cá está ele, já mais compostinho!
E aqui com os olhos abertos...

Tudo a postos!