terça-feira, 31 de dezembro de 2013

2013

Não podia acabar o ano sem fazer aqui o balanço, que eu sou uma pessoa de listas. E começo por dizer que uma das coisas que me deu mais gozo foi recomeçar a escrever mais regularmente neste blogue, desde o Verão.

2013 foi um ano de transição, sem grandes alterações na vida, o que nos tempos que correm não se pode dizer que seja mau! Mas o futuro está lançado, desde logo com o nosso Manuel, que está previsto nascer no início de Abril de 2014. Só por isso, o ano que vai começar já promete!

Como é inevitável, a Luisinha é o centro das nossas atenções. Já fala tudo, começa a ter sentido de humor, mas também é bastante teimosa e mandona. Gosta do infantário e das educadoras, de escorregas, de ver o Noddy e o Ruca, que lhe leiam histórias. Além de a levar ao infantário (a desoras) quase todas as manhãs, cabe-me ir com ela à natação uma vez por semana. Para corrigir o estrabismo que lhe descobrimos, põe um penso no olho todos os dias, e tem umas tosses recorrentes, mas fora isso é uma miúda saudável, que come e dorme bem. E já é sócia do Sporting!

Eu continuo a trabalhar na comunicação e angariação de fundos do MSV, e este ano organizámos um concerto de Páscoa, uma ceia de fados e um quiz, colaborámos numa maratona eco-solidária, lançámos um livro e vendemos 6 mil t-shirts. Desde Junho, estou só a meio tempo, porque tenho tido mais traduções - para a ArtePlural, fiz 3 livros juvenis do Big Nate e o livro de horticultura "Uma Horta para Ser Feliz" - e não estava a ter tempo para tudo. Continuo na produção do Lusofonias, o programa da FEC na Rádio Sim, e este ano entrevistámos figuras como Alice Vieira, Catarina Furtado, Daniel Serrão, Pedro Fernandes e Mário Cordeiro, e vários amigos também.

Este ano resolvemos ir para fora cá dentro. Fomos à Serra da Estrela brincar na neve em Março, com o Vasco e família. Num "cá dentro" um pouco mais fora, fomos a São Miguel, nos Açores, em Junho. Fomos passar um fim-de-semana grande a Ponte de Lima, em Agosto, éramos 4 casais de amigos da vida e 7 crianças. Logo a seguir, tivemos uma semana de sol e mar em família na Praia da Luz. Em Setembro, fomos conhecer as praias fluviais de Castelo Branco e Marvão. Fizemos ainda umas escapadas rápidas à Ericeira, Famalicão, Trujillo e Cernache.

Os bebés do ano foram o Filipe (Zé e Ana), a Madalena (Ana e Filipe), a Laura (Mafalda e Timme), o sobrinho António (Fernando e Sofia), a Estela (Adélia e Alberto), a Luísa (Teresinha e Pedro), o Gabriel (Sofia e Carlos), o João Maria (Bruno e Rita), a Maria (Emanuel e Ana), o Tomás (Miguel e Xana), o Zé Maria (Vasco e Filipa), o Francisco (Tim e Mafalda) e a Maria (Hugo e Catarina). E vêm a caminho mais uma meia dúzia para fazerem companhia ao Manuel em 2014! E para compensar um 2013 só com um casamento, teremos 4 amigos a dar o nó no próximo ano!

Os maiores espinhos deste ano foram as mortes da minha amiga Mariela e do pai duma grande amiga, e de uma doença (sempre a mesma) a ensombrar uma família quase-irmã. Este ano foi, aliás, marcado por várias ondas de solidariedade na internet em torno de crianças doentes, alimentadas pelas promessas de tratamentos inovadores. Que o novo ano seja de esperança para todas estas famílias e que a investigação consiga novas conquistas na luta contra o cancro!

Do lado das boas notícias, a eleição do Papa Francisco tem sido uma inspiração para o mundo católico e não só, e pessoalmente é uma interpelação constante a ser um melhor cristão. Também em Lisboa, o novo patriarca da diocese, D. Manuel Clemente, tem sido um pastor inspirador.

Mais coisas! Assisti com o Vasco a todos os jogos de uma época terrível do Sporting, fiz-me sócio com a mudança de direcção, e nesta primeira metade do Campeonato tudo tem sido muito melhor! Nos primeiros 4 meses do ano, terminei a fisioterapia ao dedo que tinha partido no acidente de mota. Organizámos uma festa surpresa à mãe da Maria pelos seus 60 anos. Fui ao Portugal ao Vivo, e a concertos do Sérgio Godinho e da Ana Bacalhau, e ao espectáculo do Herman. Entrei em contacto com o João Miguel Tavares, do Governo-Sombra e do Pais de Quatro, e nosso "colega de infantário", cuja escrita muito admiro, e esta ligação já deu bons frutos. Dei uso a vários cupões de desconto em restaurantes de várias nacionalidades. Continuo a participar nos quizzes no café do nosso prédio. No MSV, continuo num grupo de oração e fiz uma peregrinação a Fátima em Maio. Continuo a dar a Comunhão no Lar de Nossa Senhora da Vitória, na Graça. E, por último, mas não menos importante, o ano terminou com um gesto de paz na minha família. E assim se passou mais um ano!

Que o ano de 2014 seja melhor para todos!

sábado, 21 de dezembro de 2013

E por falar em Natal dos Hospitais...

Tenho de vos confessar que, se há uma dificuldade insanável entre a Maria e eu, não tem a ver com quem ajuda mais em casa, a forma de gerir o dinheiro ou as nossas diferentes mundivisões. Tem apenas a ver com uma experiência que a Maria teve e que, por muitos momentos de glória que eu possa vir a ter, dificilmente algum poderá estar à altura desse. Passo a explicar.
Corria o ano da Graça de 1992, e Lena d'Água aventurava-se no mundo da canção infantil, com o álbum "Ou Isto Ou Aquilo". Como podem ouvir neste link, que disponibiliza todas as canções, há um coro de crianças que acompanha a maioria delas. Nesse coro incluía-se a Maria, o irmão mais novo e as duas primas, porque a Lena d'Água era amiga da tia e recrutou-os para este efeito. Ora, isto já é o suficiente para eu ter uma pontinha de inveja (por essa altura, andava eu a ter aulas de piano, fingindo não saber já que a minha ligação à música era sobretudo pop e quase nada erudita). Mas a cereja em cima do bolo foi terem participado no Natal dos Hospitais desse ano, que muito certamente eu estaria a ver!

Com as maravilhas do Facebook, que nos permite chegar sem dificuldade a quase qualquer pessoa, perguntei há tempos à própria Lena d'Água se não teria essa gravação do Natal dos Hospitais em vídeo (porque algo em mim ainda diz "não, não pode ser mesmo verdade"). Ela, muito simpática, respondeu logo que tinha e que ia procurar, mas a coisa perdeu-se. É hora de voltar à carga, e espero em breve poder partilhar aqui convosco esse grande momento!

Tradições de Natal

Quando eu era miúdo, a decoração natalícia lá de casa fazia-se por estes dias, à última hora (como quase tudo...). Não sei se era sempre assim, mas é assim que o recordo. Enquanto da cozinha já exalava o doce cheiro à fritura das rabanadas (aka fatias douradas) e ao cozer dos mexidos (aka formigos), a minha irmã tratava da decoração da sala e eu fingia que ajudava. A certeza que tenho é que no gira-discos tocava este disco do Coro Santo Amaro de Oeiras, que, além do clássico "A Todos Um Bom Natal" (que encerrava todos os Natais dos Hospitais), tinha outras pérolas como a lenda do "bom rei Venceslau", que leva comida e agasalhos a um pobre camponês, ou a da "bola-estrela" que a criança, farta de brinquedos de guerra, pede ao Menino Jesus.

Há uns anos atrás, na minha demanda revivalista de reconstituição do espólio em vinil, comprei esse CD, que agora apresentei à Luisinha e que tem tocado em modo repeat, nos últimos dias, em casa, no carro... De tal forma que a Luisinha já sabe metade das letras, e eu delicio-me a ouvi-la cantar "meu Jesuuus, sorri para mim" e desejo que este entusiasmo perdure nela o máximo que conseguirmos, e que secundarize os Pais Natais a cada esquina e a Popota (cada vez mais pó p*ta). Desejo-o para ela, mas também por mim, que facilmente me deixo levar pela voracidade dos presentes e me esqueço do que nos traz aqui. Claro que é óptimo dar e receber presentes, reunir a família e encher a pança de bacalhau e fritos, mas tudo isso passa; prefiro fundar a alegria n'Aquele que permanece. E, por muito simples que pareça, a Luisinha e o Coro de Santo Amaro de Oeiras ajudam-me nisso!
Presépio e arranjo estilo Waldorf :)

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Uma grande parceria

Há uns tempos que pensava desafiar os autores do meu blogue favorito para fazermos um passatempo conjunto para divulgar a Casa das Cores e o livro do Juca. Ontem foi o dia! Como eles são pontuais a deixar os filhos no infantário e eu sou a desgraça que já sabem, esta conspiração intertavariana começou numa troca de recados nos cabides das nossas filhas, seguiu por e-mail e hoje à tarde o João pôs no ar o passatempo! Com o bónus simpático e inesperado de me referir no post, com link para este cantinho e tudo.

Mas vamos ao que importa: até 22 de Dezembro, ponham os vossos filhos a desenhar "A Casa Colorida dos Meus Sonhos" e enviem os desenhos para paisdequatro@gmail.com, com o vosso nome e morada. Os 3 desenhos que a família Mendonça Tavares eleger como melhores ganham um exemplar do livro "Juca - O amigo guardião da Casa das Cores", e o primeiro ganha ainda uma entrada familiar na KidZania. Toca a concorrer, que vale bem a pena!

E quem quiser comprar livros do Juca para oferecer no Natal, é só dizer-me!

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Quiz Solidário

Conheci o fenómeno do "quiz" na Faculdade; um bar em Santos tinha este jogo de cultura geral e os meus colegas gostavam de ir, mas a coisa dava sempre para muito tarde e eu morava longe e ainda estava dependente de carro alheio, pelo que deixei passar essa febre.
Mas a verdade é que sempre gostei deste tipo jogos e a febre voltou uma década mais tarde, quando conheci o Carlos, um dos gurus dos quizzes lisboetas, com quem passei uma semana fantástica no Euro 2012, na Ucrânia. Pouco depois, arrancou um campeonato de quiz no café do meu prédio, o Entre Nós, onde quinzenalmente integro "Os Compadres" e daí surgiu a ideia de organizar um serão divertido, em época natalícia, que servisse também de angariação de fundos para a Casa das Cores.

Mas afinal o que é um quiz?, perguntarão alguns. São 50 perguntas, ditas em voz alta para todos e projectadas nos ecrãs do bar. Não são só perguntas de cultura geral sobre geografia ou história, desporto ou cinema. Há também muitas charadas para decifrar, músicas de todas as épocas e até algumas perguntas simplesmente parvas! Mais do que ver quem ganha, é hora e meia de boa disposição garantida, vão por mim!

Por isso estão todos convidados para virem esta quarta-feira ao Quiz de Natal da Casa das Cores! Vai ser às 21h, no Estado d'Alma, na Rua da Junqueira (nas traseiras da FIL antiga). Cada participante paga 2€, valor que reverte para a Casa das Cores. Também vai ser possível comprar t-shirts, cartões de Natal e livros do Juca
Venham! Vão ver que não se arrependem...

domingo, 8 de dezembro de 2013

Senhor Robado

Até esta semana creio que só havia uma peça de roupa que eu não tinha. Das ceroulas de Londres à túnica indiana, do fraque do casamento à sunga do Brasil, gosto de ter no armário tudo o que me permita adaptar a qualquer ocasião. Mas desde miúdo, quando em vão me tentaram oferecer um, que embirrava com o pobre robe e o rejeitava. Porque sou por natureza calorento, porque sempre me habituei a saltar da cama para o banho (sempre antes do pequeno-almoço) e vestir-me logo a seguir, porque detesto tecidos turcos e polares, e porque na minha cabeça preconceituosa o associava às montras amareladas da Rua dos Fanqueiros e às senhoras velhotas, embora um par de amigos me garantissem que era do melhor para aquecer o corpo e a alma.

E o que me fez agora mudar de ideias? Em primeiro lugar, uma necessidade prática: metade das vezes, a Luisinha acorda antes do meu despertador tocar e vem ter comigo a pedir o leitinho, sem contemplações para um "deixa só o Pai tomar banho primeiro", pelo que acabo por ir para a cozinha de cuecas (sou adepto de dormir à fresca); ora, esses minutos ao léu, além de não serem o melhor cartão de visita para a vizinhança, são nesta época do ano um desafio ao meu estoicismo térmico. Em segundo lugar, há qualquer coisa de "já sou crescido" (tal como aqui) e talvez um inconsciente replicar da imagem do meu Pai, quando submergia nos livros depois de jantar, aconchegado pelo seu robe castanho.

Mas o que desequilibrou a balança foi mesmo o lado estético, que comigo se sobrepõe sempre ao utilitário. Posso comprar uma coisa de utilidade ou necessidade duvidosa só por ser gira, mas nunca usaria uma coisa que achasse feia só por dar jeito (pelo contrário, a Maria consegue andar com um casaco herdado e 40 anos inflaccionado, de que não gosta especialmente, só porque é "muito quentinho"). Por isso, quando vi o catálogo da nova Mo, o rebranding abetalhado da antiga Modalfa (muitos furos acima do cinzentismo do C&A e do cheiro a fibra da Primark), o xadrez deste robe despertou o escocês que há em mim (estou cada vez mais convencido que me chamei Mc-qualquer-coisa numa encarnação anterior) e lá rumei à dita loja, de onde ainda trouxe umas calças de pijama a condizer. E aqui estou eu, todo pimpão e muito bem "robado", a fazer zapping entre o Factor X e os comentários à liderança isolada do Sporting. Querem melhor programa para um domingo à noite?

sábado, 7 de dezembro de 2013

Adegga Wine Market

O meu amigo André é um dos sócios fundadores do Adegga, uma rede social para apreciadores de vinhos. Depois de terem organizado, no mês passado, o seu primeiro evento internacional, em Bruxelas, têm hoje hoje a sétima edição do seu Adegga Wine Market de Lisboa. Vai ser no Hotel Flórida (no Marquês de Pombal), entre as 15h e as 21h, e serão mais de 40 produtores e centenas de vinhos em prova! Quem quiser pode também aproveitar para comprar vinho a preços especiais.
É um evento muito giro, em ambiente descontraído, onde, além de provar muito bons vinhos (por 12€), podemos falar com os produtores e aprender mais sobre os vinhos! A Fugas do Público e o jornal i falaram sobre eles, e podem também comprovar a boa onda do evento neste vídeo feito na última edição.
Encontramo-nos lá, certo?

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

E hoje descobrimos o sexo da criança!

O lobby Luisinha-avó materna não funcionou e é mesmo um pilinhas que vem aí! Será o primeiro bisneto do meu avô a perpetuar o Tavares e o primeiro rapaz na descendência do meu grupo de amigos latinos (após 6 meninas). Está previsto que o leãozinho mais novo chegue no início de Abril, ainda a tempo de festejar a conquista do campeonato.
Parece que acertámos no palpite quando comprámos há dias um livro que introduz o tema da partilha entre a irmã mais velha e o irmãozinho.
E hoje, antes de adormecer, a Luisinha deu uma palmadinha na barriga da Maria e disse com todo o fair-play:
- Boa noite, mano!


Assim dá gosto!

Foto: Facebook do Sporting
No ano passado comprei pela primeira vez a Gamebox, o bilhete de época para os jogos do Sporting. Partilhei com o meu amigo Vasco o calvário de derrotas e exibições sem chama, treinadores apagados e jogadores que se arrastavam pelo campo sem saber o que ali estavam a fazer.
Este ano resolvemos arriscar outra vez, que o bom adepto é para todas as ocasiões e, assim como assim, é um programa que nos sabe bem, mais ainda agora que voltámos a ser vizinhos e podemos ir a pé para a bola. E não é que temos voltado sempre com uma grande alegria? A equipa tem garra de leão, o William Carvalho é um senhor na frente da defesa, o Montero um matador (viva a Colômbia!), o Capel voltou a jogar com genica, a tripla Adrien-Cedric-André Martins sempre em bom plano e a equipa farta-se de marcar golos. É verdade que o plantel é baratinho, os restantes defesas não dão muita segurança e o Carrillo faz 1 jogo bom por cada 5 jogos maus, mas a força do colectivo tem sido maior. E em boa parte devemo-lo ao novo presidente (quem é que dava alguma coisa por ele?), que fez uma boa aposta no treinador e tem valorizado os adeptos, entre campanhas de marketing (como esta), as letras das músicas de apoio em karaoke nos ecrãs do estádio (ridículo, mas eficaz) e o simples facto de obrigar os jogadores a ficarem em campo no final para agradecerem a todas as bancadas. Resultado: o estádio sempre muito composto, o público contente com as exibições e o primeiro lugar no campeonato. Até quando, logo veremos, mas quer-me parecer que este ano o Natal não nos vai trazer aquele amargo de boca...

domingo, 1 de dezembro de 2013

Juca - O amigo guardião da Casa das Cores

Desculpem o silêncio dos últimos dias, mas tem sido por bons motivos. Além de ter uma tradução para entregar, a aproximação do Natal é a época alta do fundraising e temos andado especialmente empenhados na divulgação dum livro infantil que reverte para a Casa das Cores.

Para quem não sabe, a Casa das Cores é um centro de acolhimento temporário para crianças em perigo, dos 3 aos 12 anos, e este "Juca - O amigo guardião da Casa das Cores" é o primeiro livro que publicamos para ajudar a suportar os custos da Casa. O protagonista da história é o Juca, que simboliza o amigo que protege as crianças e dá cor à própria Casa. O livro foi escrito por Pedro Branco (filho do cantor José Mário Branco), ilustrado pela nossa amiga Vera Guedes e tem prefácio do Dr. Paulo Oom.

O livro custa 7,5€ e é um excelente presente de Natal! Está à venda na Loja Online do MSV e na livraria do El Corte Inglés de Lisboa e Gaia, mas também me podem pedir directamente.
Temos a sorte de ter como embaixadores desta iniciativa a Carla Rocha da RFM, a Oceana Basílio e o Ruben Amorim do Benfica, o que tem ajudado bastante na divulgação (na Visão, na VIP e no Record, por exemplo). Fizemos o lançamento do livro na Kidzania, a 10 de Novembro, e no dia seguinte estivemos no programa Rocha no Ar, da RFM, a dar a conhecer a Casa das Cores e o livro. Este fim-de-semana estivemos no Mercado de Natal do Campo Pequeno, que dura até terça-feira (das 11h às 21h), se quiserem dar lá um salto ainda vão a tempo!

E já agora, se fizerem um "gosto" na página da Casa das Cores no Facebook (cuja dinamização é tarefa minha) ficarão informados sobre o nosso trabalho e - espero - mais motivados para apoiar esta causa!

Como bónus, deixo-vos a "Canção do Juca", interpretada pelo Rogério Charraz. Digam lá se não é bem gira!

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

No trade-off trabalho-família...

...quanto mais vejo gente a pôr a carreira acima da família (ou do sonho de criar uma), mais me vejo do outro lado da barricada, onde é fabuloso sentir-me na companhia dum dos meus criativos preferidos, Bill Watterson (criador do Calvin & Hobbes).

domingo, 17 de novembro de 2013

Não há longe nem distância

- Badajoz fica muito longe de Lisboa? - perguntou-me há umas semanas o Roberto. 
Vivemos juntos numa residência de estudantes em Londres, e com o Eduardo (chileno), a Catalina e o Juan (ambos colombianos) construímos uma forte amizade. O grupo nasceu num fim-de-semana em Paris, e juntos fomos a um concerto dos U2 em Cardiff, depois vieram todos a Lisboa; já com cada um para seu lado, reencontrámo-nos na Colômbia (2006), no Rio de Janeiro (2007), na Guatemala (2009), de novo na Colômbia (2010) e pela última vez no nosso casamento, cá em Lisboa. Já não nos víamos, portanto, há 3 anos, muito por causa das 6 meninas (sim, todos tivemos meninas!) que nos nasceram entretanto, embora mantenhamos uma regular troca de novidades e fotografias entre todos via WhatsApp.
Paris 2005
Costa da Caparica 2005
Colômbia 2006
Fim-de-ano no Rio de Janeiro 2007
Guatemala 2009
Colômbia 2010
Nosso casamento, 31 Julho 2010

Expliquei-lhe que Badajoz ficava a 2 horas de Lisboa e que obviamente que iria lá ter com ele, mesmo que só por um serão. Ele vinha em viagem de trabalho e era uma oportunidade imperdível para nos vermos. A Maria alinhou logo na ideia, mesmo trabalhando às 8h da manhã seguinte, e combinámos que a Luisinha dormiria essa noite nos avós.
No próprio dia, o Roberto percebeu que não era bem Badajoz onde estava, mas sim Trujillo, 150kms mais distante, e receou que isso pudesse frustrar o nosso encontro. Claro que não! Apanhei a Maria no hospital às 4 da tarde, fizemos 380kms até Trujillo e às nove espanholas estávamos sentados com o Roberto numa mesa de tapas, a pôr a conversa em dia. Lá para a meia-noite fomos deixar a Maria ao quarto (que entretanto tínhamos achado sensato reservar) e voltei com o Roberto para um bar, porque ainda havia muita conversa para desfiar e havia que aproveitar todo o tempo possível. Só saímos de lá quando o bar fechou e despedimo-nos com o plano (bem possível) de um novo encontro geral em 2014.


Dormi das 2h às 5h, arranjámo-nos à pressa e fizemos os 380kms de regresso, a toda a bisga e com a preciosa ajuda do Red Bull - nunca me falha nestas situações! - e do câmbio horário favorável. Às 8 da matina estava a deixar a Maria no hospital, para depois ir levar a Luisinha ao infantário e ir trabalhar.

Todo o esforço valeu mais do que a pena para matar saudades deste amigo. E, para terminar com melosas citações de Mafalda Veiga e Olavo Bilac, longe é sempre um lugar dentro de mim; havendo vontade, do longe se faz bem mais perto!

sábado, 9 de novembro de 2013

Por onde começamos?

Esta fotografia da passada quarta-feira tem corrido as redes sociais. Na sua habitual volta à Praça de São Pedro durante a audiência semanal, o Papa Francisco parou para abraçar e abençoar um homem com um caso grave de neurofibromatose, uma doença que pode provocar nódulos na pele. Uma imagem poderosa, que toca profundamente crentes e não crentes, como se pode ver nesta notícia da CNN (a propósito de ateus e o Papa, vale a pena ler este artigo do Daniel Oliveira).

Lembrei-me logo do "homem do Rossio", um senhor de cara desfigurada (a doença era outra, mas o efeito semelhante) que pedia esmola perto do café Nicola. Durante anos eu dava sempre a volta pelo outro lado do Rossio, só para não ter de o ver, e quando o MSV abriu um projecto que abordava as pessoas sem abrigo e pedintes da Baixa, uma das primeiras coisas que eu perguntei foi: "E vão ter de ir falar com o homem do Rossio?" (Sim, foram.)

Ao ler este artigo de um padre jesuíta americano, lembrei também o gesto de São Francisco de Assis ao beijar um leproso, primeiro gesto de uma reviravolta na sua vida, pouco depois de responder ao apelo de Jesus para reparar a sua Igreja. E mais ainda, todos os gestos de aproximação de Jesus aos leprosos e marginalizados do seu tempo. Gestos que nos permitem ver à transparência o amor de Deus.
São Francisco e o leproso, Santuário de São Francisco, Greccio, Itália (Fonte)
Não acredito que este Papa vá fazer uma revolução na doutrina da Igreja, nem desejo que isso aconteça. Todos estes gestos inspiradores - este abraço, os telefonemas ao jovem italiano e à mulher que pensava abortar, e tantos outros - devem, sim, provocar uma revolução no coração (e na acção) de cada católico (pelo menos). Para não apontarmos o dedo ao pecador, nem evitarmos o encontro com aquele que sofre. Devemos antes parar, abraçar o outro, ouvir "as suas circunstâncias" e manter a conversa aberta. Um envolvimento pessoal que requer tempo e atenção.
Não tiro uma vírgula aos princípios morais da Igreja, não duvido que orientam para uma vida mais plena e concordo que a sua exploração mediática pela negativa é querer ver o todo pela parte. Mas é verdade que muitos de nós, católicos, continuamos mais agarrados à letra do que ao Espírito, e uma coisa é certa: a conversão nasce mais do exemplo do que dos sermões.

Como disse o Papa Francisco este Verão à multidão de jovens reunida no Rio de Janeiro:
Uma vez perguntaram a Madre Teresa de Calcutá o que devia mudar na Igreja; queremos começar, mas por qual parede? Por onde – perguntaram a Madre Teresa – é preciso começar? Por ti e por mim, respondeu ela. Hoje eu roubo a palavra a Madre Teresa e digo também a você: Começamos? Por onde? Por ti e por mim! Cada um, de novo em silêncio, se interrogue: se devo começar por mim, por onde principio? Cada um abra o seu coração, para que Jesus lhe diga por onde começar.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Diá-Lu-gos #3

Enquanto a Luisinha janta na sua cadeira, a sua mãe, avó e bisavó trocam palpites sobre o sexo do novo bebé.
- A Lu prefere um mano ou uma mana? - pergunta a bisavó, que torce por um rapaz.
- Uma mana - responde a Lu, decidida.
- Acho que a Lu e a avó são as únicas que preferem uma mana... - comenta a avó, já a pensar em novos vestidinhos de menina.
A Luísa fica uns segundos pensativa, com os olhos postos no prato, até que se vira para a avó e pergunta-lhe com ar de espanto:
- Também vais ter uma mana??
...e a Avó também?!?!

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

20 anos

Há 20 anos a minha irmã (e madrinha) Isabel casava com o Carlos*, depois de um namoro de 6 anos. Nessa fase era frequente eu entrar como bónus nos programas deles, quando os meus pais não estavam, e talvez por isso o meu cunhado terá sido a pessoa que mais influenciou os meus gostos. O seu único defeito é ser do Benfica.
Lembro-me bem da preparação do casamento, da impressão dos livrinhos da missa e de ir com eles ao José Franco encomendar as casinhas que ofereceram aos convidados. No dia, choveu o tempo todo (e lá diz o ditado...). A noiva chegou 2 horas - DUAS! - atrasada (lembram-se?) à Igreja de Santa Isabel, o que numa era pré-telemóvel deve ter dado umas boas voltas ao estômago do meu cunhado. Com os meus 13 aninhos, fui o "menino das alianças" e pela primeira vez vesti blazer e gravata. Ao almoço, fiquei na mesa com os tios mais novos e o vizinho CP, e terei bebido mais vinho do que a idade recomendava (ainda hoje me acontece). Dançámos bastante e no final os noivos tiveram uma surpresa: o seu bolo sóbrio terá ido parar a outro casamento qualquer, onde certamente o terão achado uma seca, e em troca veio um bolo de cobertura cor-de-rosa cheio de enfeites pirosos!
E assim fiquei "filho único" em casa dos meus pais, por mais 17 anos. O quarto da Isabel transformou-se no "quarto do piano", que se comprou por essa altura. Veio a primeira sobrinha, minha afilhada, que herdou o nome Isabel da mãe, avó e bisavó, e que já está na universidade; a Inês e a Teresa chegaram com menos de 2 anos de diferença entre cada uma, e o João veio 6 anos depois, estava eu já em Londres. Depois de uma primeira década numa casinha de bonecas muito gira, com vista para o Tejo, mudaram-se para uma casa maior, que desde então se tornou ponto de encontro para aniversários e Natais. E estes dois aspectos - os 4 sobrinhos que me deram e a generosidade com que nos recebem - são o que mais tenho a agradecer à Isabel e ao Carlos, e não é pouco!
Parabéns pela família numerosa e feliz! 
Há 4 meses, nos anos da Isabelinha
* Curiosamente, Isabel e Carlos são também os meus pais e os meus sogros!

terça-feira, 5 de novembro de 2013

O Hunter é catita!

Todas as semanas ajudo a preparar um programa de rádio, o Lusofonias. É uma parceria entre a FEC e a Renascença, com transmissão na Rádio Sim e noutras 20 rádios espalhadas pelo mundo, sobretudo nos PALOP. A minha função e de outra colega, com quem alterno (semana sim, semana não), é escolher temas e convidados, escrever os guiões das entrevistas e recolher as peças que vão chegando dos vários países onde o programa passa. Embora a preparação de cada entrevista me alimente o bichinho do jornalismo, o que me dá mais gozo é acompanhar em estúdio a gravação da entrevista (eu não falo, só assisto) e contactar directamente com os convidados. Os poucos minutos de conversa off-the-record antes e depois de cada entrevista dão para tirar a pinta à personalidade dos convidados e saber mais sobre as suas instituições. 
Hoje gravámos a entrevista com o fundador da Re-food, o americano Hunter Halder. No início de 2011, começou a bater à porta de restaurantes das Avenidas Novas para recolher as sobras da comida confeccionada que não foi servida, para depois a distribuir pelas pessoas e famílias mais carenciadas da zona. Assim surgiu um projecto fortíssimo, por ter um conceito muito claro: combate o desperdício e mata a fome a quem está a passar por dificuldades, tudo com base no trabalho de centenas de voluntários. Até ao final de 2014, a Re-food conta ter núcleos em todas as freguesias de Lisboa (actualmente já existem 3). 
Parte do sucesso deve-se ao carisma do Hunter, que tem como imagem de marca o chapéu e a bicicleta com que vai para todo o lado. Num português com arreigado sotaque americano, que espero que se perceba razoavelmente em rádio, começa todas as frases por "well" e usa amiúde a palavra "catita", como quem diz "fixe". Queixa-se, a dada altura, que este projecto lhe "comeu" a vida pessoal e que o próximo ano vai ser ainda mais cansativo, mas mantém-se firme no objectivo de tornar Lisboa na primeira cidade do mundo a eliminar o desperdício alimentar.
Uma entrevista para ouvir no próximo sábado, às 14h, na Rádio Sim.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Vem conhecer o MSV!

No terceiro ano da Faculdade, logo a seguir a ter feito o Crisma, entrei para o MSV. O meu amigo Diogo lançou-me o desafio de fazer qualquer coisa diferente no Verão seguinte, e assim foi - na verdade, foram 3 Verões seguidos em missão (dois em Vaqueiros, concelho de Alcoutim, e o terceiro em Montes Claros, Minas Gerais) a visitar idosos, dar explicações a crianças, animar celebrações e partilhar conhecimentos (campo/cidade, Portugal/Brasil). Passei também a ir um fim-de-semana por mês a Vaqueiros, durante 4 anos. E a fazer uma peregrinação a pé todos os anos, até hoje.
Estas experiências fizeram-me crescer e assumir responsabilidades, abriram-me os olhos para outras realidades, foram decisivas nas escolhas profissionais e fizeram entrar na minha vida um grupo enorme de amigos. Acredito que tenham ajudado a ser um melhor cristão, que é sempre um work in progress.
Com o projecto Sentidos e a abertura da Casa das Cores, o MSV ganhou entretanto um lado profissional, quer para a instituição, quer para mim próprio. Mas mantém este lado de movimento católico de oração e voluntariado, onde se joga muito a sua vitalidade.
E hoje é dia de acolher novos MSVistas! Logo à noite (21h15) na Igreja do Rato, a nossa "casa" para este ano. Se quiseres conhecer melhor o que fazemos, aparece por lá!

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Mariela

Conheci-a quando estudávamos em Londres. A Mariela estava no Master de Desenho Urbano do Braulio e da Nayan, meus amigos na residência e futuros flatmates, e eu ia a bastantes programas com a turma deles.
Quando fomos morar para o nosso cantinho em Camden, a Mariela e a mãe (de visita) visitaram-nos e prepararam umas típicas empanadas chilenas. Se a memória não me falha, ela até terá ficado em nossa casa nos últimos dias antes de regressar ao Chile.
2 Outubro 2005
No fim de 2007, quando deixei Londres, passei 2 meses a viajar pela América do Sul e estive no Chile por alturas do Natal. Entrei pelo extremo norte (Atacama) e voei até ao sul, para passar 3 dias com a Mariela na ilha de Chiloé. Num dia muito especial, aqui descrito em detalhe, andámos com o alcaide e o Pai Natal a visitar as crianças das ilhas mais isoladas; no final do dia, a Mariela e eu vimo-nos sem transporte num lugarejo onde só havia um café e tivemos de ir à boleia na caixa de uma furgoneta de distribuição de comida, fartámo-nos de rir!
Até aos 27 anos eu era um totó que não comia marisco porque me metiam nojo os bichinhos. Foi a Mariela quem me forçou a comer um prato de curanto em Ancud, e desde então passei a gostar de marisco; devo-lhe também isso.
Montagem da Mariela sobre a visita a Chiloé (20 Dezembro 2007).
Infelizmente a minha máquina tinha pifado e não tenho fotografias destes dias.
Um ano depois, estávamos novamente juntos, desta vez em Bombaim, para o casamento da Nayan. Foi aqui que a Maria a conheceu. Passeámos bastante pela cidade e vestimo-nos a rigor para a festa. Umas semanas depois, encontrámo-nos ainda em Londres para um serão com a mesma grupeta.
Bombaim, 21 Dezembro 2008
Londres, 16 Janeiro 2009
Novo casamento, novo encontro. Desta vez foi o nosso, a que a Mariela disse logo que viria. E veio. Ficou até a dormir em casa dos meus pais e tirou-me, à saída para a igreja, uma fotografia emblemática. Na festa, fizemos uma entrega de Óscares para agradecer a alguns convidados, e a Mariela ganhou o "Óscar para quem veio de mais longe". E foi a última vez que nos vimos.
Bairro Alto, na véspera do casamento
Em casa dos meus pais
A foto simbólica da saída do lar paterno 
Óscar para a amiga que veio de mais longe
No início deste ano anunciou que estava à espera de bebé. O seu Maximiliano nasceu em Abril, prematuro de 7 meses, porque aos 3 meses de gravidez a Mariela tinha sido diagnosticada com um cancro no fígado, e teve de quis adiar os tratamentos mais fortes até ao filho poder nascer. Sempre que falámos ao telefone nestes meses, o que irradiava era essa alegria de mãe e a preocupação com o seu Maxi (que ficou bem de saúde), mais do que as queixas sobre a sua própria doença. E esse testemunho de coragem tocou-me profundamente.
A Mariela era muito "para a frente": fundou uma ONG que promove a regeneração urbana de bairros mais pobres a partir da participação dos próprios cidadãos; dinamizou a utilização das bicicletas no município onde trabalhava; aproveitou intercâmbios de urbanismo em vários países; e como podem ver acima, tinha gosto em ir a todas. Era uma pessoa com um dom especial para congregar os amigos à sua volta, sem querer protagonismo, aliás de uma simplicidade enorme.
Há 3 semanas escreveu-me a dar os parabéns, com umas palavras tão queridas, e em resposta contei-lhe que estávamos à espera de novo bebé.

Partiu ontem. Além das saudades, deixa-me estas memórias (que acredito um dia vir a revisitar com ela, noutro poiso) e sobretudo um tremendo exemplo de vida.

sábado, 26 de outubro de 2013

A Cantina Hindu

Há 5 anos, fomos a um casamento indiano. Foi uma experiência única, com direito a trajes típicos comprados para a ocasião e rituais completamente diferentes dos nossos. Além de termos um grande carinho pelos noivos - em especial a Nayan, com quem tinha partilhado casa - e pelos seus pais, o que nos fez viver esses dias com grande emoção, tivemos o privilégio de ser convidados para o "pacote completo" dos festejos, por termos ido de tão longe. Ou seja, 5 dias seguidos de festas!
O dia do casamento religioso foi o mais exuberante nas roupas e o mais sóbrio nos manjares, como que a sublinhar que o essencial naquele dia não era encher a pança (nos dias seguintes houve discoteca com bar aberto e banquete num hotel). Depois de uma lindíssima cerimónia hindu, que pouco percebi por ser em hindi, mas que se centrava muito na entrega de cada noivo feita pelos seus pais e irmãos aos seus novos sogros e cunhados, foi servido um almoço na cantina do templo. Sóbrio mas muito delicioso, apresentado ao estilo das refeições tradicionais naquele país: uma bandeja redonda com sopa, dal, arroz, molhos e os pãezinhos achatados.
21 Dezembro 2008, Chinmaya Mission Temple, Mumbai
Passados 5 anos e após várias incursões a restaurantes de chicken tikka massala e afins, tivemos esta semana uma experiência que nos lembrou essa refeição. Tinha lido algures a recomendação à Cantina do Templo Hindu em Lisboa, e como estávamos em Telheiras lembrámo-nos de lá dar um salto. Chegámos ao local e parecia abandonado - o templo fechado, uma série de construções por acabar e um ar pouco cuidado - mas uns jovens que ali estavam indicaram-nos o caminho. Descemos umas escadas e descobrimos, por fim, a Cantina.
Uma sala simples, com quadros das divindades hindus e umas mesas de snooker ao fundo. Em cada lugar estava já uma bandeja redonda de metal, com 2 tacinhas, e um copo também de metal. Num português pouco fluente, mas sempre com um sorriso, a senhora mostra-nos a mesa de buffet com uma fantástica sopa de lentilhas, dal de feijão, outro dal de batata, umas bolinhas fritas de lentilhas, arroz "para asmáticos", paparis e chapatis, e 3 molhos de diferentes malaguetas (parece que ao fim-de-semana terá maior variedade). Tudo vegetariano, muito saboroso e só levemente picante. Para beber, um lassi salgado, à base de iogurte, ideal para acalmar o picante, e uma garrafa de água da torneira. À sobremesa trazem-nos uns bolinhos quadrados de farinha de grão, manteiga e açúcar; eu não costumo apreciar muito os doces indianos, mas estes eram óptimos! Para a experiência ser completa, pedimos ainda um chai, o chá com leite e especiarias que é servido a toda a hora na Índia.
Partimos com o estômago contente e muita vontade de voltar. À Cantina e, já agora, também à Índia.
22 Outubro 2013, Cantina da Comunidade Hindu, Lisboa
Cantina da Comunidade Hindu
Al. Mahatma Gandhi, Complexo Comunidade Hindu - 1600-500 Lisboa (mapa)
Aberta de terça a domingo, 12h-14h30 e 20h-22h (fecha às segundas)
Preço: 7,50€ a 10€ por pessoa

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Diá-Lu-gos #2

Uns minutos depois de lhe termos explicado que ainda não sabíamos se o bebé era menino ou menina...
Lu: "A Luísa quer uma menina."
Eu: "É melhor uma menina do que um menino?"
Lu: "Sim."
Eu: "Porquê?"
Lu: "Porque as meninas não são tanto pesadas!"

Estatisticamente correcto. Só espero que não tenha sido em sentido figurado...

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Bye Bye Kitty!

Até perto dos 2 anos, conseguimos manter a Luisinha desinteressada da televisão, mais por sorte do que por proibição. Regra geral, temos a televisão desligada; a Maria não liga peva e o pouco que eu vejo (5 para a Meia Noite, Governo Sombra e concursos de talentos de domingo à noite) passa depois de ela(s) ir(em) para a cama.

Mas lá veio o dia em que, aos primeiros DVDs oferecidos, o vício da televisão chegou. A colecção do Noddy até se vê bem e dá um jeitão quando preciso que a Luísa fique uma horita sossegada; aqui, a única coisa que me irrita um bocado é ela praticamente só querer ver repetidas vezes o episódio de Natal, de que já sabe metade das falas de cor. Já quando pede para ver o DVD da Kitty, aí é que começo logo a ficar com brotoeja! É que muito se fala sobre a violência dos desenhos animados de hoje em dia, mas subvalorizam-se os efeitos nocivos dos bonecos demasiado melosos... Claro que queremos as nossas meninas mimosas e meigas, mas tanto bilu-bilu pode transformá-las em Elmyras, a fabulosa personagem dos Tiny Toons que sufocava os amigos com afectos em sobredose.

Para ficar com os nervos à flor da pele, basta ouvir o genérico, que começa por "Olá Kitty, tão queridinha, olá Kitty, nossa amiguinha" e termina em "Olá Kitty, gatinha fofinha, tão lindinha". Não é de ir buscar a caçadeirazinha e espetar uns balaziozinhos na bichaninha? Enquanto o léxico da Luisinha não abarca termos mais complexos, a Maria e eu vamo-nos divertindo a cantar o genérico com uma letra bem mais gira: "...a aldeia da Kitty vamos dizimar/chacinar/trucidar..."
Em segundo lugar, o nome dos amiguinhos da Kitty é impronunciável, ou pelo menos insoletrável: tive de ir ver na net como se escreve Badtz-Maru, Cinnamorol ou PomPom Purin. Enquanto que no Noddy podemos transpor as personagens para a família (à falta de pai e mãe do Noddy, eu costumo ser o "Urso Rechonchudo", vá-se lá saber porquê), está fora de questão chamarmo-nos Badtz-Mary ou PaiPai Purin!
Por último, as histórias passam-se todas num mundo cor-de-rosa, onde os bonecos se divertem a tricotar, a beber chazinhos e a colher bagas na floresta. Uau... Voltem, Power Rangers, que estão perdoados!

Ironias do destino, a Luisinha recebeu nos anos uma bola da Kitty e todos os dias jogamos um bocadinho. E é para isso mesmo que a Kitty serve: para levar um bom chuto!

sábado, 19 de outubro de 2013

Arroz chau chau...

Este post só terá piada (muito relativa, claro) para quem passou por campos de férias e outras actividades juvenis afins, onde uma das músicas da praxe era qualquer coisa como Arroz chau-chau, arroz chau-chau, carne assada, carne assada com arroz chau-chau... Sopiiiinha, sopiiiinha, carne assada, carne assada com arroz chau-chau...

Pois bem, numa combinação improvável de restos no frigorífico, coube-me ao almoço tomar o gosto pela primeira vez a esse refrão tantas vezes repetido. E sopinha, também houve.

Diá-Lu-gos #1

Eu, a querer apressar o almoço: "Quem é que vai acabar a sopa primeiro: a Luísa ou o Pai?"
Lu: "Pode ser a Luísa e o Pai."

Toma lá que é para não incutires o espírito de competição na miúda, que vai ter muitos anos para isso...

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Família a crescer

Contra ventos e marés, apesar dos cortes e incertezas, a verdade é que precisamos de quem nos pague a reforma quando lá chegarmos, não é verdade? Vimos, por isso, dar o nosso contributo para reverter as estatísticas da natalidade já em 2014! 
Lá para inícios de Abril, se Deus quiser, a Luisinha terá uma nova companhia para brincar - e para aprender a partilhar, que bem precisa. Daqui a mês e meio saberei se ganho um aliado masculino ou se fico ainda mais rodeado (e bem) de mulheres. Escusado será dizer que estamos muito felizes!
Fotografia do rebento às 13 semanas (há 2 semanas atrás)

sábado, 12 de outubro de 2013

A dois graus da Malala

Conhecem a teoria dos seis graus de separação, segundo a qual entre cada um de nós e qualquer outra pessoa do planeta há, no máximo, 6 pessoas pelo meio? Ou seja, eu conheço A que conhece B que conhece C que conhece D que conhece E que conhece F, mesmo que esse F more numa ilha recôndita do Pacífico.
As redes sociais dão-nos uma amostra visual disto mesmo. Por exemplo, o LinkedIn diz-me que estou a 3 graus de separação de 7 milhões de outros utilizadores, logo o crescimento exponencial até ao sexto grau há-de abranger todos os utilizadores da rede.

Cá em Portugal, talvez por vivermos um país pequeno, achamo-nos sempre não a seis, mas a dois graus de qualquer pessoa. Quando conhecemos um estranho, procuramos logo um ponto de encontro - escola, local de origem, empregos passados - com alguém das nossas relações: "ah, então deves conhecer o..." E a verdade é que quase sempre conseguimos mesmo fazer essa ligação! Se o mundo é pequeno, Portugal é uma ervilha.
Quando vivi em Londres, apercebi-me que essa abordagem inicial é muito nossa e que, quando a aplicamos a estrangeiros, roça os limites do razoável. No cúmulo da inocência, uma amiga que me foi lá visitar perguntou à minha flatmate indiana se porventura conhecia (da Índia!) outro amigo nosso de Lisboa, que nasceu e viveu em Goa. Eu ri-me, mas noutras vezes não terei andado longe disto na procura de um suposto amigo comum que me aproximasse dum interlocutor.

Ao nível das figuras públicas, ainda é maior a diferença entre um país grande e o nosso cantinho à beira-mar plantado. Em 3 anos de Londres, nunca vislumbrei ninguém da realeza, do espectáculo ou do desporto, e era óbvio que esses mundos não tinham qualquer cruzamento com as "pessoas comuns" com quem eu convivia na universidade ou no trabalho. Cá é o contrário: artistas, políticos e desportistas cruzam-se connosco com toda a naturalidade no Chiado ou nas Amoreiras, e a probabilidade de conhecermos um primo ou amigo de qualquer famoso é muito maior. E, para não dar o exemplo mais nebuloso do "arranja-me um emprego", posso dizer que na angariação de fundos para causas sociais quase sempre a abordagem começa por aí: ver quem conhecemos na empresa X para conseguirmos uma reunião com o decisor Y, embora cada vez menos (e ainda bem) isso, por si só, seja garantia de uma resposta positiva.

Isto tudo para dizer que, no mesmo dia em que eu a tinha visto nesta inspiradora entrevista no programa do Jon Stewart e em que ela era tida como forte candidata ao Nobel da Paz, algures em Washington, o meu cunhado entrava no mesmo elevador que a Malala. Ela que está empenhada em ser O grau de separação entre as raparigas paquistanesas que querem ter acesso à educação e os mais poderosos do mundo...

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Diga 33

Eis-me chegado aos 33! Gosto muito de fazer anos e de fazer festa, por isso tirei o dia de folga, não para ir para a praia (esteve tempo para isso!) mas para ajudar na cozinha e nas arrumações - entre as duas famílias, tivemos cá 28 pessoas a jantar.
Ao segundo dia de regresso ao "infectário" depois da última quarentena, a Luisinha veio para casa com febre e dor de garganta, e festejou os anos do pai murchinha e de pijama, ela que estava toda excitada com a ideia da festa e que me tinha perguntado umas 20 vezes pelo bolo.

A marcar o dia, houve duas surpresas que me deixaram com  um enorme sorriso.
A primeira foi logo às 8 e meia da manhã, quando preparava a Luisinha para sairmos. Toca o telemóvel e dizem-me: «É o Tiago? Fala da Rádio Sim, só um momento que vai já entrar no ar!» E passados uns segundos estava à conversa live on air com o meu amigo José Manuel Monteiro, que além das manhãs da Sim apresenta o programa que eu preparo. Quantos anos fazia, como ia ser o dia e tal e tal... Muito bom!

Quanto à segunda surpresa, lembram-se de eu aqui vos ter falado do João Miguel Tavares? Há dias tinha oferecido o livro dele ao meu amigo Vasco e comentei que gostava mesmo do que ele escrevia, que já o tinha visto algumas vezes no infantário da Luisinha mas que nunca tinha tido lata para lhe falar. E precisamente hoje o Vasco e a Joana, também eles com um filho no mesmo infantário, cruzam-se lá com o JMT e pedem-lhe um autógrafo para mim. Além do autógrafo em si, que já tem muita piada, valeu ainda como empurrão: «agora tens mesmo de lhe ir falar!»  
Sem dúvida que os homens (também) precisam de mimo, e nada como um aniversário para um gajo ser muito bem mimado!