quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

2014

Mais um ano que acaba, mais um balanço. 2014 foi o ano em que passámos a ser 4 cá em casa.

Como é óbvio, o nascimento do Manel marcou o nosso ano! Aquela manhã de 8 de Abril, em que a Maria "fugiu" de casa sem me avisar e fui acordado por um telefonema das Urgências a dizer para ir depressa - felizmente consegui chegar a tempo! Levou algum tempo a adaptarmo-nos ao ritmo de sermos dois-para-dois; tive de passar a ajudar mais e a cortar algumas actividades, faz parte. Nove meses depois, o Manel come com sofreguidão, gatinha, tem 4 dentes e espalha charme no infantário. A Luísa reagiu bem à chegada do mano e está cada vez mais tagarela, espertalhona e mimalha.
Continuo a trabalhar a meio tempo na comunicação e angariação de fundos do MSV. Entre as conquistas deste ano, lançámos um vinho que foi um sucesso, apresentámos um teatro no Tivoli (onde também entrei) para 400 pessoas, vendemos 5.000 t-shirts, os Lobos vestiram a camisola da Casa das Cores num jogo internacional de râguebi e tivemos a visita e apoio do Ruben Amorim do Benfica. Traduzi 4 livros para a Bertrand, um deles já publicado e três por publicar. Mas o que me realiza mais continua a ser a produção do Lusofonias, o programa da FEC na Rádio Sim, onde este ano entrevistámos mais 52 pessoas, como o Diogo Infante, o João Miguel Tavares e a Lura, entre vários amigos. No final do ano, fiz um curso de jornalismo na Palavras Ditas, com o Nuno Azinheira, que me pode abrir portas para novos voos. Espero que 2015 traga boas novidades a este nível...
Comecei o ano com um fim-de-semana alargado em Praga, com a Maria, uma lua-de-mel antes de voltarmos às fraldas e noites mal dormidas. Em Junho, estivemos uns dias em Vila Nova de Milfontes (obrigado, Belinha!) e outros no Algarve, com o Vasco e família. Agosto foi um mês em grande: fomos a Londres rever amigos, passámos uns dias em Óbidos com mais 3 casais amigos (e 9 crianças no total) e estivemos na Praia da Luz. Fomos ainda ao Porto quatro vezes, a Coimbra duas, a Aveiro, Curia e Luso, e tivemos o encontro anual dos Mesquitas em Famalicão. Fui ainda a duas despedidas de solteiro, uma na Ericeira e outra em Salamanca.
Contrariando as estatísticas oficiais, o ano foi pródigo em nascimentos à nossa volta: além do nosso Manel, nasceram o Luís (Francisca e Thiago), o Francisco (Nuno e Andreina), a Maria Ana (Ana e Paulo), o Daniel (Paulo e Marlene), a Maria Inês (João e Luísa), a Teresa (Pedro e Isabel), o Francisco (Diana e Pedro), o Tomás (Inês e Nuno), o Xavier (Mafalda e André), a Luísa (Mariana e Duarte), a Matilde (Mar e Nuno), a Maria (Juan e Elsa) e a Gabi (Rui e Maria João). No extremo oposto (ou não) da vida, chorámos a morte do Tio Amadeu e da mãe duma "cunhada". O avô da Maria, pouco depois de fazer 90 anos, teve uma fractura grande na perna e a minha mãe partiu um braço, mas, graças a Deus, ambos recuperaram muito bem.
Cenas várias... Fui a 5 casamentos (cantei no coro em 3 deles), 4 baptizados, 2 primeiras comunhões e 32 aniversários. Recebemos em nossa casa o Roberto e amigos ingleses e alemães. Fiz a colecção de cromos do Mundial, foram 2 meses de uma febre infantil. Vibrei com a final da Liga dos Campeões em Lisboa, mesmo sem ir ao estádio. Fomos ao Jardim Zoológico. Fomos ao teatro duas vezes, mas nenhuma ao cinema (!). Comecei a correr regularmente e consegui fazer os 10kms da Corrida Sporting. Fui a todos os jogos do Sporting em casa, para o Campeonato e Liga dos Campeões. Fui a dois Adegga Wine Markets. Jantámos no Sushic nos nossos anos de casados. Fomos ver meia dúzia de T3 e ficámos sem grande vontade de mudar. Tirei uma fotografia com o David Carreira nos meus anos. Continuei a participar nos quizes do meu amigo Carlos e fui ao Quem Quer Ser Milionário, mas perdi logo no "dedo rápido" (passa na RTP1 a 28 de Janeiro). E continuo a visitar quinzenalmente o Lar de Nossa Senhora da Vitória, na Graça. Não escrevi neste blogue tanto como gostaria, mas escrevi mais do que nos anos anteriores (e menos do que no próximo, espero).

Que o ano de 2015 venha cheio de oportunidades para sermos melhores e darmos mais de nós!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Outros Natais

A caminho de mais um Natal, entre o pico de trabalho no MSV (porque no Natal as pessoas estão mais dispostas a "consumir solidariedade", e ainda bem!) e a azáfama de comprar 78 presentes, dei por mim a revisitar dois Natais vividos bem longe desta realidade.

Em 2007, fiz uma viagem de 2 meses pela América do Sul, a assinalar o final duma estadia de 3 anos em Londres, e a semana do Natal apanhou-me no Chile. A ceia da consoada foi um churrasco e passei o dia 25 na praia de Viña del Mar, a comer óptimo marisco. Mas ainda mais exótico foi andar, uns dias antes, na zona de Chiloé, mil quilómetros a sul de Santiago, a distribuir presentes às crianças de umas ilhotas isoladas, com o alcaide. Os miúdos, pouco habituados a visitas, tinham uma alegria que transbordava, faziam a festa com presentes muito simples e falavam-me do Cristiano Ronaldo e do Figo (relato completo aqui). Quem me lançou o desafio e me acompanhou nessa experiência foi a Mariela, a minha amiga que morreu no ano passado.
Montagem da Mariela sobre a visita a Chiloé (20 Dezembro 2007)
Um ano depois, a Maria e eu fomos convidados para o casamento da nossa amiga Nayan, em Bombaim. A cidade tinha sofrido um violento atentado uns dias antes, e na Portela perguntaram-me se queria mesmo ir para lá. Como se alguma vez eu fosse perder a oportunidade de viver aquele momento... Encontrámo-nos lá com a Mariela, o Eduardo e a Anne. A recepção da família da Nayan foi muito calorosa, envolveram-nos em todas as dinâmicas dos cinco dias de festa, mesmo as que, por costume, são reservadas à família. Na foto abaixo, as meninas sentadas ao lado da noiva são suas primas e tinham perdido o pai no atentado ao Hotel Taj Mahal - o que dava ainda mais sentido à minha resposta à senhora do aeroporto: claro que eu tinha de ir para lá!
No regresso, devia chegar a Lisboa a tempo da consoada, mas um atraso no primeiro voo fez-me passar a véspera de Natal a deambular por uma Frankfurt vazia, à espera do voo da noite. No dia 25, já pude estar com a família e distribuir os presentes comprados no mercado de Anjuna, em Goa, e na visita que fiz ao Barefoot College.

E tal como amanhã evocaremos, à mesa, os meus avós, com quem passei tantos e tão bons Natais, também aqui recordo a Mariela, com quem passei os dois Natais mais originais da minha vida.

domingo, 21 de dezembro de 2014

No rescaldo do Tivoli

Há uma semana, participei na peça infantil da Casa das Cores. Durante dois meses andei absorvido entre ensaios, cenários e divulgação. Chegados ao glamour do Tivoli, estava um pouco assustado, porque muitos de nós éramos verdinhos nas artes do palco e podíamos bloquear na boca de cena. Felizmente correu tudo bem: o texto e as canções fluíram, as ilustrações da Vera - projectadas em directo como pano de fundo - funcionaram muito bem, e quem esteve gostou. Passado uma semana, a Luisinha continua a cantarolar o que por lá se ouviu.

Sempre soube que a representação não era um dos meus talentos, mas quando assistia a musicais - o meu género preferido - pensava como devia ser divertido estar do outro lado. E foi! Cantei em grupo na primeira cena, a encarnar um turista (podem ver neste link), e fiz de dançarino canastrão noutras duas músicas. E diverti-me muito! O ambiente que se criou entre a equipa foi excelente e deixa saudades. Também foi divertido conhecer os bastidores do Tivoli e os seus camarins. E comovedor sentir que, entre as 400 pessoas que se deram ao trabalho de ali estar num domingo de manhã, tive lá toda a família e os amigos mais próximos - obrigado!

Na véspera do teatro, fui com a Luisinha à Casa das Cores buscar uns adereços para usarmos na peça. Enquanto eu carregava o carro, ela entrou para a sala e foi ter com um grupo de meninas que brincava alegremente com bonecas. Reparei que lhe perguntaram logo o nome e partilharam as bonecas sem problemas. Passados 5 minutos, quando a apressei para voltarmos para casa, onde nos esperava um almoço com amigos, a Luísa fez birra porque não queria parar de brincar com as meninas. Ok, é verdade que ela faz muitas birras e que todas as crianças gostam de brincar. Mas não deixa de ser um óptimo sinal ela sentir-se bem entre as crianças da Casa das Cores e não querer sair daquele ambiente, onde as brincadeiras normais da idade convivem com um contexto de histórias de vida difíceis. É um orgulho trabalhar para que estas crianças possam ter o melhor presente e futuro possível!