Sou fã de musicais. Quando vivi em Londres, aproveitei para ver uma série deles, sempre com apreciação positiva, mas o cartaz do Cats nunca me chamou a atenção. O tema animal não me fascina - nunca parei a ver documentários de vida selvagem, nem nunca chateei os meus pais para ter um. Digamos que, quando Deus Nosso Senhor passou a distribuir pela humanidade o amor pelos animais, eu devia estar na casa-de-banho ou assim. Isto não me impede de reconhecer n'O Rei Leão, repleto de bicharada, o musical mais giro que já vi - boa história, com movimento e efeitos espectaculares. Mas para gatos já me bastava o tempo em que tive de conviver com um feroz espécime, em casa dos meus sogros, e não era o Andrew Lloyd Webber que me fazia passar um par de horas a ver gatos.
Mas os filhos, sempre os filhos, são justificação para tudo. Algumas vezes para renunciarmos a programas que nos apetecem (eu menos, a Maria mais), outras vezes para saltarmos para programas só para termos umas horitas a dois. O Cats era perto de casa, tinha sessões à tarde (logo, era mais fácil empandeirá-los para alguém) e até podia ser giro. Pelo menos, tinha o "Memory" que tocou vezes sem conta no gira-discos da minha infância, na voz da Barbra Streisand. De resto, só sabíamos que os gatos andavam pelo meio da plateia, e para nos precavermos disso comprámos os bilhetes para os lugares mais distantes (mentira, foi mesmo por sermos uns fonas do pior).
Ao entrar no Campo Pequeno, a meio da tarde, percebemos que um espaço tão grande, cheio de frestas com luz, nunca daria a sensação cosy do escurinho do teatro; mas pronto, com isso já devíamos contar. O que não contávamos era com a quase ausência de história deste musical. Baseado num livro de poemas de T.S. Elliot, vai apresentando, cena a cena, cada gato com sua personalidade, mas o fio condutor não se percebe minimamente. Depois de ver, no intervalo, alguns pais a meter os pés pelas mãos a tentar explicar (inventar) aos filhos a trama da coisa, tive de consultar a Wikipedia para perceber que os gatos estavam reunidos para escolher um dos seus elementos para ir para um lugar melhor - não percebi se era analogia ao Paraíso após a morte, se era a passagem para a vida seguinte (das sete que os gatos têm) ou a emigração para um qualquer Eldorado. Os quadros de cada cena eram monótonos, para ser simpático, e as personagens sinistras - não digo tanto para nós, mas para quem achou que era uma cena gira para levar os miúdos. Salvavam-se os movimentos felinos dos actores (sim senhor, bem apanhado) e duas músicas que ficavam no ouvido - o "Mr. Mistoffelees" e o tal "Memory", repetido à exaustão.
No rescaldo, perguntei à Maria se era eu que estava num "dia não" ou se tinha mesmo sido uma grande seca. A quantidade de pessoas que vi sair antes do fim chegava para a resposta. Para a próxima vamos ao cinema!
Mas os filhos, sempre os filhos, são justificação para tudo. Algumas vezes para renunciarmos a programas que nos apetecem (eu menos, a Maria mais), outras vezes para saltarmos para programas só para termos umas horitas a dois. O Cats era perto de casa, tinha sessões à tarde (logo, era mais fácil empandeirá-los para alguém) e até podia ser giro. Pelo menos, tinha o "Memory" que tocou vezes sem conta no gira-discos da minha infância, na voz da Barbra Streisand. De resto, só sabíamos que os gatos andavam pelo meio da plateia, e para nos precavermos disso comprámos os bilhetes para os lugares mais distantes (mentira, foi mesmo por sermos uns fonas do pior).
Ao entrar no Campo Pequeno, a meio da tarde, percebemos que um espaço tão grande, cheio de frestas com luz, nunca daria a sensação cosy do escurinho do teatro; mas pronto, com isso já devíamos contar. O que não contávamos era com a quase ausência de história deste musical. Baseado num livro de poemas de T.S. Elliot, vai apresentando, cena a cena, cada gato com sua personalidade, mas o fio condutor não se percebe minimamente. Depois de ver, no intervalo, alguns pais a meter os pés pelas mãos a tentar explicar (inventar) aos filhos a trama da coisa, tive de consultar a Wikipedia para perceber que os gatos estavam reunidos para escolher um dos seus elementos para ir para um lugar melhor - não percebi se era analogia ao Paraíso após a morte, se era a passagem para a vida seguinte (das sete que os gatos têm) ou a emigração para um qualquer Eldorado. Os quadros de cada cena eram monótonos, para ser simpático, e as personagens sinistras - não digo tanto para nós, mas para quem achou que era uma cena gira para levar os miúdos. Salvavam-se os movimentos felinos dos actores (sim senhor, bem apanhado) e duas músicas que ficavam no ouvido - o "Mr. Mistoffelees" e o tal "Memory", repetido à exaustão.
No rescaldo, perguntei à Maria se era eu que estava num "dia não" ou se tinha mesmo sido uma grande seca. A quantidade de pessoas que vi sair antes do fim chegava para a resposta. Para a próxima vamos ao cinema!
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