quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Diá-Lu-gos #6

Há dias fomos conhecer o filho recém-nascido dum casal amigo. No telefonema dessa noite, a minha Mãe fez à Luisinha a pergunta típica:
- O bebé Xavier é mais parecido com a Tia Mafalda [a mãe] ou com o Tio André [o pai]?
A Luísa franze o sobrolho e dá a resposta mais lógica:
- É mais parecido com o [meu irmão] Manel!
Só faltou dizer "daaah" à Avó...


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Feira de Ilusões

Tudo começou com umas caixas de magia compradas em Espanha, há uns 30 anos. O meu irmão João preparava os truques com cuidado e encenava espectáculos de magia lá em casa, em que eu era o ajudante. Com os anos, foi arranjando material cada vez complexo, aprendeu truques com mágicos mais experientes e participou até em congressos mundiais de ilusionismo. Sempre gostou do chamado "close-up", a magia de mesa; nada a ver com serrar mulheres ao meio ou escapar algemado de dentro de aquários, mas mais do que suficiente para nos deixar a pensar "como raio é que ele fez isto?" Em paralelo, desenvolveu também a arte do malabarismo com bolas, massas ou facas. Em suma, temos artista!

Ora bem, o João - aliás, Don Giovanni, de seu nome artístico - vai fazer um espectáculo de ilusionismo  este sábado, às 21h, no Auditório da Igreja de Santa Joana Princesa, junto à Av. EUA (mapa neste link). A sala tem 180 lugares e era muito giro se enchesse! A ajudar à festa, a música está em muito boas mãos, a cargo do meu amigo Nuno Barata, com quem partilhei acordes durante mais de uma década. Os bilhetes custam 4€, com desconto para miúdos, e podem ser reservados (919169510 / estefaniaviagens@gmail.com) ou comprados no local. Quem quer vir?

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Gato por lebre

Sou fã de musicais. Quando vivi em Londres, aproveitei para ver uma série deles, sempre com apreciação positiva, mas o cartaz do Cats nunca me chamou a atenção. O tema animal não me fascina - nunca parei a ver documentários de vida selvagem, nem nunca chateei os meus pais para ter um. Digamos que, quando Deus Nosso Senhor passou a distribuir pela humanidade o amor pelos animais, eu devia estar na casa-de-banho ou assim. Isto não me impede de reconhecer n'O Rei Leão, repleto de bicharada, o musical mais giro que já vi - boa história, com movimento e efeitos espectaculares. Mas para gatos já me bastava o tempo em que tive de conviver com um feroz espécime, em casa dos meus sogros, e não era o Andrew Lloyd Webber que me fazia passar um par de horas a ver gatos.

Mas os filhos, sempre os filhos, são justificação para tudo. Algumas vezes para renunciarmos a programas que nos apetecem (eu menos, a Maria mais), outras vezes para saltarmos para programas só para termos umas horitas a dois. O Cats era perto de casa, tinha sessões à tarde (logo, era mais fácil empandeirá-los para alguém) e até podia ser giro. Pelo menos, tinha o "Memory" que tocou vezes sem conta no gira-discos da minha infância, na voz da Barbra Streisand. De resto, só sabíamos que os gatos andavam pelo meio da plateia, e para nos precavermos disso comprámos os bilhetes para os lugares mais distantes (mentira, foi mesmo por sermos uns fonas do pior).

Ao entrar no Campo Pequeno, a meio da tarde, percebemos que um espaço tão grande, cheio de frestas com luz, nunca daria a sensação cosy do escurinho do teatro; mas pronto, com isso já devíamos contar. O que não contávamos era com a quase ausência de história deste musical. Baseado num livro de poemas de T.S. Elliot, vai apresentando, cena a cena, cada gato com sua personalidade, mas o fio condutor não se percebe minimamente. Depois de ver, no intervalo, alguns pais a meter os pés pelas mãos a tentar explicar (inventar) aos filhos a trama da coisa, tive de consultar a Wikipedia para perceber que os gatos estavam reunidos para escolher um dos seus elementos para ir para um lugar melhor - não percebi se era analogia ao Paraíso após a morte, se era a passagem para a vida seguinte (das sete que os gatos têm) ou a emigração para um qualquer Eldorado. Os quadros de cada cena eram monótonos, para ser simpático, e as personagens sinistras - não digo tanto para nós, mas para quem achou que era uma cena gira para levar os miúdos. Salvavam-se os movimentos felinos dos actores (sim senhor, bem apanhado) e duas músicas que ficavam no ouvido - o "Mr. Mistoffelees" e o tal "Memory", repetido à exaustão.

No rescaldo, perguntei à Maria se era eu que estava num "dia não" ou se tinha mesmo sido uma grande seca. A quantidade de pessoas que vi sair antes do fim chegava para a resposta. Para a próxima vamos ao cinema!

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Prova superada

Nunca gostei de correr. Tentei fazê-lo nos parques de Londres e desisti à primeira. Tentei a mini-maratona da ponte e jurei para nunca mais (ia morrendo de vertigens). Correr sem ser atrás duma bola não me cativava. Ia seguindo as façanhas do meu amigo Nuno Iron Man, os trails do meu vizinho Zé, os treinos partilhados no Facebook deste e daquele, mas sem qualquer intenção de lhes seguir as pisadas.

Algures em Maio, já não sei por iniciativa de qual de nós, comecei a treinar com o Vasco, a horas obscenas (7 da matina), três vezes por semana, no jardim do Campo Grande. Irmos juntos ajuda a manter o compromisso, caso contrário cada um já teria desistido há muito. Na primeira vez, devemos ter parado, cansados, ao fim de 1 quilómetro. Mas a constância foi dando frutos e a resistência aumentando. Pusemos como objectivo fazer os 10 quilómetros da Corrida do Sporting, que foi hoje.
Não ia muito optimista. Nos treinos, nunca tinha feito mais de 8 quilómetros, com paragens, e o dia amanheceu com muita chuva, que caiu na maior parte da corrida. Mas a motivação num evento destes é muito maior: o tempo oficial a contar, a multidão que é, a possibilidade de correr nas avenidas que cruzo diariamente de mota e o estádio do Sporting como meta!

Teve um sabor especial entrar no estádio com a sensação da missão cumprida (e comprida), depois de 67 minutos a correr sem parar, a uma média de velocidade superior à dos treinos. O Vasco acompanhou-me nos primeiros 6 quilómetros e o Nuno deu-me um empurrão precioso no último; entre os kms 6 e 9, foi bom sentir que sozinho também me aguento sem desistir.
Continuo sem gostar de correr, mas o esforço é para continuar! Pela minha saúde...

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Não foi desta

Em Agosto, sem esperar, recebi um telefonema da produção do "Quem Quer Ser Milionário". Tinha sido a Maria a inscrever-me! Desde pequeno que sonhava ir a um concurso, mas teve de ser a Maria a dar o empurrão. Fizeram-me umas 30 perguntas de cultura geral e passei no primeiro teste. Uns dias mais tarde, nova entrevista telefónica, desta vez sobre os meus gostos e percurso profissional. À terceira tentativa de agendamento, a gravação ficou marcada para hoje. 

Pedi ajuda a amigos viajados, organizadores e participantes de quizzes e rápidos "googladores". Revi os nomes e cognomes dos reis de Portugal, a sequência dos presidentes dos EUA e os vencedores do Óscar para o Melhor Filme. E lá fui para a Valentim de Carvalho, acompanhado pela Maria - a culpada! - e pela Tia Mila (para as tias, somos sempre os maiores). Esperámos entre as 11 da manhã e as 3 da tarde, entre maquilhagem, briefing sobre as regras, ensaio no estúdio e almoço.
Selfie tripla durante a espera
Finalmente chamaram-nos para o estúdio. O público era um espectáculo dentro do espectáculo, até velhotas a fazer tricô havia! Mais meia hora de espera até aparecer a Manuela Moura Guedes, magérrima e "boquérrima".  O programa começou com uma concorrente que vinha do programa anterior; já ia na décima pergunta, achámos que só faria mais uma ou duas, mas foi acertando até à penúltima. E quanto mais altos os valores em jogo, maior o engonhanço na conversa. Já lá iam três quartos do programa e nós népias. Mas a rapariga desistiu, ficou com 20 mil euros, e lá chegaram os meus 3 segundos de fama ao ser apresentado para a câmara. Tinha o coração a disparar e a pressão do "dedo rápido".

Foi aqui que o cinema francês se atravessou no meu caminho. No programa que passou ontem, por exemplo, tinham a árdua tarefa de pôr 4 palavras por ordem alfabética, mas hoje saiu-nos a fava! «Ordene, do mais antigo para o mais recente, 4 filmes do cinema francês: O Fabuloso Destino de Amélie / Delicatessen / Hiroshima Meu Amor / La Vie en Rose» E nem foi pela pressa que errei; eu não sabia mesmo onde pôr o "La Vie en Rose", achei que fosse um clássico antiquíssimo e pu-lo como o mais antigo, quando na verdade era um recente biopic sobre Édith Piaf.  Dos seis, só uma concorrente é que acertou (felizmente, a mais simpática); teria sido mais embaraçoso se eu tivesse sido o único a errar.

E assim foram ao ar, em meia dúzia de segundos, dois meses de expectativa - mais do que os milhares do prémio (obviamente não despiciendo), era a curiosidade de testar a minha telegenia (que conversas, que à-vontade ou falta dele). Em puto, depois de querer ser Papa e antes de querer ser jornalista, dizia que queria ser produtor de televisão - menos mal, já cheguei a produtor de rádio!

Lá voltei para casa de mãos a abanar, ainda não foi desta que fiquei milionário! Pode ser que um dia lá volte e tenha melhor sorte...
Hélas!
PS: o programa só há-de passar lá para inícios de Dezembro.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

34 (e meio)

Nas últimas semanas multiplicaram-se no Facebook as fotografias de infância e eu deixo aqui a minha contribuição: cá estou eu, com 3 anos, neste mesmo dia. O bolo ainda não era o famoso "bolo de anjo" (aka bolo amarelo) da minha mãe, mas o amarelo já dominava - sempre fui mais para ovos do que para chocolate. E sempre gostei de fazer anos!
O Manel depois de comer uma banana
Se a Luisinha teve a pontaria de nascer no dia de anos da mãe, já o Manel não foi tão certeiro e nasceu... no meio ano do pai. Ou seja, hoje faz seis meses, meio ano! Semi-parabém também a ele!

Esta manhã tivemos uma visita especial. Enquanto acabava um trabalho no computador, comecei a ver um grande reboliço no jardim do nosso prédio, com fotógrafos e jornalistas em volta de um rapaz. Era o David Carreira! Pela piada, lá convenci (a custo) a Maria a descer ao jardim e pedi ao David para tirarmos uma fotografia, que dedico a todos os que me vão lendo por aqui. Quando penso no caminho sinuoso (mas prazentoso) que é a minha carreira, a única certeza que tenho é que quero continuar a escrever mais e melhor.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

O Manel foi baptizado!

O nome Manuel estava escolhido desde a primeira gravidez. Só não sabíamos o que lhe pôr mais. A Maria não quis Manuel Maria, eu vetei Manuel Tiago. Várias tentativas depois, a Maria propôs: "e se for Manuel Francisco?" Já tínhamos um sobrinho Francisco, e só por isso não tinha sido escolha para primeiro nome, mas assim era diferente e despachávamos de uma assentada os dois nomes preferidos. Se Manuel tinha qualquer coisa de sucessório (eu sou Tiago Manuel, o meu pai Carlos Manuel), Francisco lembrava-me o actual Papa e o santo de Assis. Assim ficou.


Quando, no próprio dia do nascimento, convidámos (via Skype) para padrinho o irmão da Maria, que vive no Brasil, ficou assente que a data do baptizado dependeria da sua próxima vinda à Europa, em trabalho. Disse-nos depois que viria no primeiro fim-de-semana de Outubro, portanto o baptizado ficava para sábado, dia 4. Fui ver, por curiosidade, qual era o santo desse dia: São Francisco de Assis. Perfeito!


Foi, portanto, sob a égide do seu santo que o Manel recebeu o Baptismo, na novíssima (e belíssima) igreja do Parque das Nações, paróquia da minha irmã, que foi madrinha. O Padre Paulo, amigo da família, recebeu-nos muito bem. O meu sobrinho João (aka Mini-Me) foi acólito e o meu irmão liderou o coro familiar.


Seguiu-se um simpático almoço oferecido pelos meus sogros na sua casa do Cartaxo. A Luísa estava radiante na festa do mano e a mãe do festejado estava uma brasa!

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Há dez anos dei o salto

Foi preciso vir cá uma equipa londrina (que orgulho a prestação do Sporting frente ao Chelsea!) para eu fazer contas e lembrar-me que há 10 anos estava a mudar-me para Londres, onde cheguei a 28 de Setembro de 2004.

Londres era para mim uma cidade de sonho. A minha irmã tinha lá ido em 1989 e eu tinha devorado os mapas e folhetos que trouxe. Eu visitei em 2001, em versão turista sôfrego, a querer ticar todos os highlights. Assim, terminado o curso de Direito, sem rumo definido e aconselhado pelo sábio professor António Barreto a procurar uma experiência internacional, a escolha de Londres para estudar foi óbvia. Os mestrados duravam só um ano, o que era mais suave para a carteira e para o meu coração caseiro. Mas levava a ideia estúpida de que ia só para estudar e passear, sem criar amizades porque já tinha muitos amigos, e sem correr o risco de querer prolongar a estadia. Era ir e voltar.
Uma das primeiras fotos em Londres (Notting Hill)
Não conhecia lá muita gente: tinha a Margarida, em casa de quem fiquei as primeiras noites, mas que não estava tão perto; e tinha a Migalha, de quem fiquei mais próximo já em Londres. O coração tinha ficado em Lisboa, não senti grande afinidade com os primeiros colegas de curso e de residência que conheci, e não conseguia participar nas aulas (a maioria dos colegas já vinha com experiência profissional e outra bagagem).

Mas o cenário rapidamente melhorou. Comecei a dar-me com o grupo latino da residência, com quem partilhava refeições e serões - aprendi mais espanhol que inglês! Recebi visitas frequentes, fui a todas as festas que pude, conheci a cidade de lés a lés. Escrevia as minhas Crónicas de Londres. Terminados os estudos, muito mais confiante, procurei trabalho e fiquei. Partilhei casa com amigos, num dos bairros mais animados da cidade, e a nossa casa recebeu muitas visitas e foi palco de grandes festas. Vinha a Portugal com frequência e aproveitava as ligações baratas a outras cidades da Europa. Ganhava bem, gostava do trabalho e tinha mais tempo livre.

A dada altura, senti-me mais sozinho e desenraizado, e marquei mentalmente o regresso para uns meses mais tarde (e não de imediato, para cumprir o conselho inaciano de não decidir na desolação). Isso deu-me novo alento para aproveitar melhor o tempo que tinha: meti-me num coro, tive aulas de escrita e virei-me mais para fora. Foi nesta nova fase que conheci a Maria e começámos a namorar; foi obviamente a melhor coisa que me aconteceu em Londres! Mas ainda assim quis regressar e arriscar uns anos de relação à distância, com visitas frequentes. Graças a Deus, não me arrependo dessa decisão.

Os 3 anos que vivi em Londres deixaram-me doces memórias, mas sem dúvida que cá estou melhor. Com um terço do que lá ganhava, tenho cá mais conforto e liberdade de movimentos. A realização profissional pode (ainda) não ser a mesma e a oferta de emprego é incomparável, mas lá chegarei. Em todos os outros parâmetros de bem-estar, Lisboa é mesmo a minha praia. Mas Londres será sempre uma cidade onde voltamos com gosto, sentindo que é a nossa segunda cidade.
Última foto do Crónicas de Londres, com um Banksy em Camden.