quarta-feira, 31 de julho de 2013

O melhor dia para casar

E já lá vão 3 anos! 

Não vou dizer "parece que foi ontem", porque muita água já correu debaixo da ponte desde então... Uma feliz contabilidade sobressai nesta comparação 2010-2013: das 200 pessoas que connosco partilharam aquele dia tão especial, nasceram entretanto 35 crianças! De resto há de tudo: casais desfeitos, casais novos, pessoas de quem nos aproximámos, outras que pouco mais vimos, mudanças radicais de vida, muitos que emigraram...


Mas posso dizer que na minha memória aquele dia está muito vivo, e não é só por a Luisinha nos pedir para ver "o vídeo do casamento" vezes sem conta. Foi o passo de uma vida, para quem dá importância a esta coisa dos sacramentos e não faz as coisas só pela piada da festa. Foi a alegria de termos a companhia das pessoas importantes de tantas fases das nossas vidas, algumas vindas de muito longe. E foi a harmonia e sintonia de ver espelhada na Maria (passado o nervoso da entrada na igreja) a minha alegria, e a alegria da Maria em mim. Uma alegria de quem leva a vida muito a sério e que, como alguém há pouco me dizia da Maria, sabe rir com a alma!

Vemos com frequência, e sempre com a mesma emoção, o vídeo com que nos surpreenderam naquele dia. E lembramos também o "Jay-Ho" dançado em versão "flash-mob". Seguiu-se um mês de uma viagem espectacular, num Brasil muito familiar. E um ano depois, veio a nossa Luísa, que tantas vezes nos faz agradecer o dom deste amor maior.

Do amor dos noivos não se fazem balanços em público... vamos agora fazê-lo a dois, ao jantar, entre brindes!

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Santiago

Lembro-me de os meus irmãos terem participado nas Jornadas Mundiais da Juventude em Santiago de Compostela, em 1989. Lembro-me de os ir levar e buscar ao comboio, justamente ao comboio, e de ficar impressionado ao ver na televisão o botafumeiro

Só conheci Santiago em Fevereiro de 1999, numa curta visita com os meus Pais. Gostei tanto que voltei lá nesse Verão com 3 bons amigos. Muitas memórias ficaram dessa semana mágica, em Ano Xacobeo: as longas caminhadas do parque de campismo até ao centro, os fogos de artifício projectados na fachada da Catedral, a visita dos Reis e do Aznar, o ritmo da fanfarra pelas ruas do casco histórico, o museu do Siza, as empanadas e os calimochos, e o mendigo louco vestido de São Tiago de um lado para o outro... No final da noite deste mesmo dia 25, estávamos os 4 praticamente sozinhos na praça da catedral, quando um senhor de barba branca e condecoração ao pescoço se aproximou e ali ficou por uns minutos em silêncio, junto a uma concha de vieira esculpida no chão da praça; no jornal do dia seguinte vimos que era o Paulo Coelho, autor que eu na altura "papava" e que naquela noite tinha recebido a Medalha de Ouro da Galiza pela divulgação do Caminho de Santiago nos seus livros.
Voltei a Santiago nos dois anos seguintes, sempre para a festa do Dia do Santo - 25 de Julho - e mais uma vez em 2005, no Dia de Reis. Entretanto, os meus amigos Joana e Alex tornaram-se peregrinos e entusiastas do Caminho de Santiago, e através deles vivi a emoção deste Caminho que um dia também quero percorrer; é também neles que penso quando penso em Santiago, tanto mais que se casaram neste dia, há 4 anos.
Uma tragédia é sempre uma tragédia, mas ao ser surpreendido ontem pelas imagens do acidente num local tão familiar foi inevitável recuar a estas memórias. Que o Apóstolo acolha no Céu as vítimas dos que morreram e console os que ficaram. E a nós, que nos faça baixar a velocidade e evitar os perigos sempre que estamos em risco de "descarrilar"...

terça-feira, 23 de julho de 2013

Café e castings

Hoje foi dia de gravação do Lusofonias na Renascença, com o Paulo Rocha da Ecclesia a falar sobre o D. Manuel Clemente, sobre quem lançou agora um livro - um programa para ouvir a meio de Agosto. No final, tivemos direito a um simpático café com o director da Renascença, o Pe. João Aguiar. E ali fiquei, entre os directores dos dois principais órgãos de comunicação da Igreja portuguesa, a trocar impressões sobre a chegada do Papa ao Brasil na véspera e a pensar se o meu futuro não devia passar mais pela comunicação...
Logo a seguir, no MSV tivemos uma manhã bem diferente. No andar abaixo de nós, temos agora uma agência que representa actores e apresentadores de televisão, e hoje pediram-nos que os ajudássemos num casting. E assim filmámos várias mini-entrevistas, a explicar o que era a Casa das Cores, como se fosse para um programa de televisão - uma boa oportunidade também para nós treinarmos este tipo de aparições que a cada passo temos de fazer. Teve a sua graça conhecer algumas caras dos saltos para a piscina e dos concursos de imitações e vários deles prometeram uma visita em breve à Casa das Cores.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Cebolas e ameixas

Cresci num prédio onde as pessoas se conheciam. Ficava em casa de vizinhos quando os meus pais precisavam, no Natal e aniversários trocávamos cumprimentos e presentes, quando nos esquecíamos da chave havia uma suplente na vizinha. Lembro-me até de chegarmos a fazer um piquenique. 
Claro que isto era mais fácil num prédio pequeno, onde quase todos viviam há 40 anos. Nos prédios grandes de Lisboa, estas experiências não são tão comuns. O anonimato é a regra, e conheço quem até prefira assim.
Felizmente vim parar a um prédio onde não me sinto tão anónimo, apesar de ter 600 apartamentos. Além das pessoas de quem já era amigo há anos, fui conhecendo outros nas futeboladas e nos jantares que se organizaram, sou tratado pelo nome nos cafés e, à custa das brincadeiras da Luisinha no jardim, vamos conhecendo outros pais.
Mas o que mais gosto é o à-vontade dos pequenos gestos. No espaço de uma hora, a campainha tocou-nos duas vezes. Primeiro foi a vizinha do lado: "venho cravar-te uma cebola". Pouco depois, foi o vizinho do canto, a oferecer uma caixa de ameixas que tinha trazido da quinta. Parecia uma imagem de que, quando damos, recebemos sempre mais. Mas valeu sobretudo pelo sentimento de proximidade que se vai ganhando.

terça-feira, 9 de julho de 2013

A minha primeira maratona

E lá sobrevivemos à maratona. Quer dizer, obviamente que não fui correr, mas em torno dela passei o "dia mais quente do ano": de manhã fiz as marcações dos últimos 6 kms do percurso, à tarde entreguei dorsais e mantimentos, à noite estive a dar ânimo aos corredores, e madrugada fora estive a transportar as sobras da festa da meta. Os muitos percursos de mota pelo meio permitiram-me refrescar um pouco e os exemplos de entrega apagaram os meus queixumes.
Primeiro foi a entrega dos nossos voluntários. Cada uma das instituições beneficiadas tinha ficado de arranjar voluntários. À última hora, acabámos por conseguir 13 pessoas, mais do que as nossas melhores expectativas. Chateado, embora não surpreendido, pela falta de resposta dos amigos com "maior obrigação", fiquei muito contente por ver tanta gente a dar a sua disponibilidade num dia em que não apetecia nada, e todos vestiram a camisola com entusiasmo.

Depois foi a entrega dos corredores. Quando se soube da previsão acima dos 40 graus, achei que a maioria desistiria. Mas não, compareceram em peso e com grande espírito, numa prova que ia muito para além do desporto. E apesar das desistências terem sido mais do que é costume, todos levaram ao limite o seu esforço. Dizia-me um amigo, no final, que só conseguiu terminar por se lembrar da Casa das Cores.
Finalmente, a entrega da equipa da organização, todos voluntários. O último corredor terminou às 2h30 da manhã, e nas 3 horas que se seguiram houve uma dúzia de pessoas que garantiram que tudo ficava arrumado.  Muitas delas sem ligação tão directa às instituições, mais velhos do que eu, com filhos que não os deixariam dormir na manhã seguinte. Custou-nos a todos, mas o prazer do dever cumprido compensou largamente.
Agora vai ser tempo de avaliação da prova, do que pode ser melhorado, de como reduzir despesas em eventos futuros. Mas este espírito de entrega, para mim, valeu bem a pena!

sábado, 6 de julho de 2013

Do calor

5 da manhã. Depois de um dia com 38ºC e prestes a entrar noutro com 42ºC, consolo-me com a brisa dos 24ºC que agora estão. Estou no quarto da Luisinha, que dorme destapada e com ruído (a quem sairá?); a Maria cumpre o turno da noite no hospital. Sentado num pufe sobre os meus 20 centímetros de varanda, o mais em pelota que me é permitido, tento acumular no corpo esta sensação de fresco que tanto jeito daria amanhã (vou estar a bulir numa maratona que reverte para a Casa das Cores).
Detesto este calor da cidade, roupa colada e cara pingada. Seria incapaz de viver num país que fosse assim o ano todo. Gosto da cerveja gelada, das Havaianas e das camisas de linho, dos banhos de mar e dos dias compridos, mas do que gosto mesmo é de levar com toda a potência de um ar condicionado em cima.
Mas posso estar a ser ingrato para com a canícula. Afinal, os momentos que mais me marcaram a vida aconteceram sob um grande bafo. Casei em Julho e fui pai em Agosto. As minhas missões de voluntariado em Alcoutim e Montes Claros foram bem quentes. As viagens à Terra Santa, à América do Sul, à Índia ou Guatemala foram tudo menos frescas. As Jornadas da Juventude em Roma e Toronto foram um abuso térmico do São Pedro. E foi tudo tão bom! A ver se isto me ajuda a lembrar que o calor pode valer a pena...
E pronto, agora que já falei sobre o tempo, está oficialmente desbloqueada a conversa aqui no blogue!