Quando há bocado escrevi que tínhamos a mota há três anos e meio, fiz as contas por alto. Mas agora, quando a Maria me trouxe um chá na "caneca da Vespa" e a pousou numa base com motivos dos "lenços dos namorados" (tema dos convites e mesas do nosso casamento) é que olhei melhor para o calendário e vi que o nosso 31 de Julho foi há exactamemente 3 anos e meio!
Como podem ver, continuo a ser muito bem tratado, com direito a chazinho e tudo, para aquecer um serão de tradução pela noite dentro (se conseguir parar de escrever posts!). Espero estar a ser um marido igualmente atencioso. E, pegando nestes 2 objectos simbólicos, desejo que, pela vida fora, come what may, continuemos a ser bons namorados e que continue "tudo a andar de mota"!
Eu no portátil a traduzir, a Luisinha sentada na cadeira ao lado, a fingir que estava a falar ao telemóvel com uma Carolina que eu não estava a ver quem poderia ser (não há nenhuma Carolina na turma dela, pensei).
Lu termina o "telefonema" e diz: - Eu tenho três manas.
Eu: - Ah, sim? E quem são?
Lu: - Uma chama-se Carolina e a outra chama-se Matilde. (Afinal são duas manas e ela própria, logo três.) Elas moram na praia!
Eu, cada vez a achar mais que era pura fantasia: - Na praia? Que sorte!
Lu: - Eu também moro na praia. E depois vamos as três ao carrossel...
Caiu-me a ficha. Já foi há 5 meses, e ainda não voltámos a estar com a Carolina e a Matilde, que não moram na praia, mas são filhas de amigos com quem costumamos estar na praia. Mas dá para ver como, desde muito cedo, o Verão têm um lugar muito especial nas nossas memórias!
E por falar na Glam, quando há uns meses lançámos o livro do Juca, a reverter para a Casa das Cores, tivemos como embaixadores da campanha a Carla Rocha da RFM, a Oceana Basílio (do Bem-Vindos a Beirais) e o Ruben Amorim do Benfica (todos agenciados pela Glam).
Estava previsto que fossem todos ao lançamento do livro, na KidZania, e que o Ruben Amorim visitasse a Casa das Cores por esses dias. Mas, na véspera do lançamento, houve aquele Benfica-Sporting que foi um jogão (4-3, embora a pender para o lado errado) e ele lesionou-se no joelho e não pôde estar connosco.
Evitamos levar visitas à Casa quando as crianças estão, porque é o espaço de privacidade onde elas vivem e já tem corrupio de gente que chegue. O apoio das empresas é fundamental para a Casa funcionar, e muitas vezes pedem-nos para a visitar (e nós temos orgulho em mostrá-la), mas tentamos que essas visitas institucionais aconteçam quando os miúdos estão na escola, para que essa parte da angariação lhes passe mais ao lado. Claro que, quando sabemos que é uma experiência gira para as próprias crianças, abrimos a excepção, e este era um desses casos. Os miúdos ficaram com pena da primeira vez que o Ruben não pôde ir, porque são todos do Benfica, e reagendámos a visita para a passada sexta-feira.
E foi de uma simpatia total! Respondeu às perguntas dos nossos aspirantes a futebolistas, visitou o quarto pela mão deles, e distribuiu fatos de treino por todos. Discreto, humilde, brincalhão e atento a fixar os nomes de todos, e não só: passados uns dias, teve o bonito gesto de mandar uma mensagem de parabéns à O. no dia dos seus anos. Como ele bem disse, quando lhe perguntaram se era muito chato estar lesionado e não poder jogar, "sim, mas há problemas bem mais importantes do que esses".
Não lhe pude desejar muito sucesso desportivo a nível colectivo, já se sabe, mas a nível pessoal desejei que tivesse mais oportunidades para jogar no Benfica (merecia) e que fosse convocado para o Mundial. E não perdi a ocasião para a foto da praxe, com a Luisinha que também foi a reboque do pai.
Quando casámos, comprámos uma lambreta LML verde, de fabrico indiano e estilo vintage. Aliás, ofereceram-nos a mota, foi uma "vaquinha" entre vários amigos. A surpresa para todos, pais e sogros incluídos, foi a mota estar já à nossa espera à saída da igreja e ter-nos levado para o copo de água. Só por isso, ganhou logo um lugar especial na história! Começou, portanto, por ser uma mota amorosa.
Passados três anos e meio, e apesar do acidente, continua a ser um prazer guiá-la todos os dias, faça sol ou faça chuva, de Entrecampos até à Baixa, e onde mais a vida nos leva. Tem sido mais a mim do que a nós, porque gravidez e maternidade não ligam bem com motas.
Às vezes, nos semáforos, perguntam-me se a mota é antiga e explico que não, que foi comprada nova há pouco, mas que segue o molde da Vespa PX, que existe desde 1977 (a fábrica indiana teve uma parceria com a Piaggio até 1999, daí as afinidades e acessórios intercambiáveis).
Outras vezes, a coisa tem ainda mais piada. Uma vez, no Chiado, uma equipa da RTP pediu-me para fazer uns takes da mota, para encaixar numa reportagem sobre a zona. E agora tornou-se estrela fotográfica!
Por baixo do MSV são os escritórios da Glam, uma agência de celebridades com quem temos tido uma óptima relação: alguns famosos agenciados pela Glam têm dado a cara pelas nossas campanhas e, de vez em quando, podemos retribuir esse favor. Hoje, quando saía do prédio para almoçar, estavam 4 jovens modelos de gabardine e um fotógrafo à procura do melhor cenário, e perguntaram-me: "Esta mota é sua?" Logo me dispus a pô-la na posição mais conveniente, e lá os deixei na sessão fotográfica. Fico à espera de ver o resultado! A nossa mota é mesmo glam-orosa!
Desde os tempos do blogue de Londres, precursor deste, que tenho nas mães de duas grandes amigas, possivelmente, as mais fiéis e críticas leitoras. Digo "tenho", no presente, porque acredito mesmo que a Tia Kikas, lá em cima, nalgum intervalo entre as conversas "face a face" e o olhar pelos queridos filhos e netos, se continue a divertir com estas minhas postas de pescada (e continuo a sentir a sua boa pressão para escrever). Por sua vez, a Tia Dada não teve pejo em desancar-me na caixa de comentários do último post, a exigir-me mais assiduidade... e fez muito bem! Ora cá estou eu, que também sou leitor de dezenas de blogues e sei que tem muito mais piada chegar aqui e ter qualquer coisa nova para ler.
Pois bem, estou na recta final de uma tradução mais comprida (e interessante), que funciona mais ou menos como o mercado de transferências no futebol: depois de semanas a engonhar, nos últimos dias pingam todas as contratações (isto é, as páginas saem à velocidade da luz). E no MSV também estamos no mês em que se prepara a nossa maior campanha anual. Mais as entrevistas na rádio... Há dias em que me arrependo de querer tocar vários instrumentos ao mesmo tempo, mas ao mesmo tempo isto assim preenche-me muito mais! Mas vamos lá a isto, nada de desculpas!
E começo precisamente por fazer aqui uma mais que justa homenagem à Tia Dada e ao Tio Tó, à Ana e ao Filipe, que nos recebem sempre tão bem no seu distinto cantinho à beira-Arrábida plantado, como aconteceu uma vez mais este sábado. Não estou a dar graxa depois das galhetas que levei, é que é mesmo muito bom! Se o espaço já convida - a Luisinha, quando sabe que vai haver lá festa, começa logo a sonhar com o castelo insuflável e a piscina de bolas -, a atenção aos pormenores é tremenda e a mesa supera as mais ambiciosas fantasias pantagruélicas aqui do gordo (25 sobremesas, contei eu, vinte-e-cinco!, e não era só quantidade!). Não conheço mais ninguém que tivesse igual paciência para pôr de pé tais eventos... E o mais engraçado é que depois estão ali a conversar connosco, na boa, como se não tivessem suado as estopinhas para nós podermos usufruir daquele espaço e daquela mesa. Mas, muito mais do que os eventos, vale a proximidade, o partilhar das vidas e o sentirmo-nos em casa com eles. E já levamos 15 anos disto, o que não é nada pouco!
Desta vez não pude tirar fotografias, adiante vos contarei porquê, mas na festa anterior (que era mais especial, se assim podemos dizer) havia fotógrafa e saíram umas belíssimas chapas da nossa Luisinha, ora vejam:
E a fotografia mais gira que tenho com a Maria também foi tirada neste cenário, nesse dia:
Não é que seja preciso um pretexto para viajar, mas esta viagem a Praga surgia num momento especial: com a gravidez do Manuel a dois terços, era a (última) oportunidade para fazermos uma pausa a dois, antes de passarmos a ser quatro.
Várias pessoas nos perguntaram se íamos para casa de alguém, e de facto, de todas as viagens que fiz com a Maria, era a primeira vez que não íamos ter com ninguém! Tínhamos ido a casamentos na Madeira, na Índia e na Guatemala, tínhamos visitado amigos nos Açores, em Londres, Barcelona, Berlim, Copenhaga ou Itália, e até na lua-de-mel no Brasil tínhamos passado uma parte do tempo com família e amigos. Mas desta vez íamos estar só nós, sem conhecer lá ninguém, num sítio que era novo para ambos. Uma viagem "selfie"!
Praga vinha muito bem referenciada e correspondeu por inteiro: monumental, bem estimada, fácil de percorrer, com boa comida, bons transportes e preços acessíveis. O nosso hotel, por exemplo, ficou a 19€ por noite, com pequeno-almoço incluído! Ficámos hospedados em Žižkov, um bairro com muitos restaurantes e bares, a 10 minutos de eléctrico do centro da cidade. Em 2 dias, visitámos o castelo, cruzámos várias pontes, subimos de funicular à colina de Petřín, assistimos ao desfile dos bonecos dos apóstolos no relógio astronómico da Praça da Cidade Velha, vimos o Menino Jesus de Praga e a Casa Dançante de Frank Gehry, e até descobrimos um café português para ver o Sporting! Ainda tentámos ir dar um passinho de dança, mas mal entrámos na discoteca que nos tinham recomendado sentimo-nos muito acima da média etária, e fugimos a correr dos "martelos" para nos refugiarmos num bar mais adequado à nossa provecta idade. E assim se passou o nosso fim-de-semana!
Noutras condições, ter-nos-ia sabido a pouco - não por ter ficado muito por ver, mas pelo gozo natural de andar no laré. Mas como tínhamos deixado cá a Luisinha, ainda que muito bem entregue, e a toda a hora falávamos dela, também soube muito bem o regresso!
Aproveitámos o facto de a nurse não trabalhar no primeiro fim-de-semana do ano para dar um passeio até à Invicta. Como éramos 3 casais e 2 meninas, optámos por ficar num apartamento (aliás, um loft) cheio de pinta, super central, que nos ficou ainda mais barato que as "pensões estrelinhas" onde costumamos ir parar (9€/noite por cada adulto!). Recomendo vivamente: Look at me.
A Luisinha a descansar neste banco original
Vista do andar de baixo
A mezzanine
Quando chegámos ao Porto na sexta, já passava das dez, mas ainda havia fila de espera no Café Santiago. Se não tivéssemos crianças, teríamos esperado Não resistimos e esperámos a nossa vez de provar (uma vez mais) aquela que foi eleita pela TimeOut Porto como a melhor francesinha da cidade, e valeu a pena! Vale sempre, quando a fome não é pequena...
Contaram-me de manhã que tinha havido trovoada forte e chuva ininterrupta durante a noite, mas nada que interrompesse o meu sono pesado. De dia pouco choveu, e aproveitámos para percorrer a cidade no Yellow Bus (obrigado, Johnny!), com paragem em Gaia para o almoço. Na Foz, o mar estava especialmente forte e tirámos várias fotografias no mesmo local onde, dois dias depois, esta onda arrastou carros e um autocarro.
Ondas grandes na Foz
O jantar foi em casa do Pedro e da Isabel, onde estou sempre em família. A Luisinha gostou muito de brincar com a prima Isabelinha, embora ainda lutem pelos brinquedos, e ao longo da semana disse várias vezes que queria lá voltar para brincar com ela... e puxar-lhe os cabelos!
Domingo foi dia de missa (qualquer que seja a igreja escolhida, é inevitável encontrar um primo), de visita às exposições de Serralves, de conhecer o novo Mercado do Bom Sucesso, de fazer as despedidas e rumar a Lisboa, na certeza de que muito em breve teremos novos motivos para lá voltar.
Estava a ouvir a Rádio Sim, depois de ter deixado a Luisinha no infantário, quando o meu amigo José Manuel Monteiro (que apresenta o "meu" Lusofonias) e a Inês Carneiro nos brindam com esta canção fantástica que eu desconhecia:
Aproveitei um sinal vermelho para mandar um sms ao Zé: "É excelente! Parece uma música do Herman..." Respondeu-me: "Sabes porque parece do Herman? Porque foi escrita pelo Carlos Paião!" Esse génio letrista, que além de escrever as suas músicas (há muito para conhecer, além da "Cinderela" e do "Pó de Arroz"), escreveu para o Herman (todas as do Serafim Saudade, a "Canção do Beijinho" e o "Bamos Lá, Cambada!") e para muitos outros. Até para a Amália!
E viva a Sim, que não sofre da ditadura das playlists e está sempre a brindar-nos com estas pérolas que enriquecem a nossa cultura!
Aqui fica a letra:
Vou contar-vos um história que não me sai da memória, foi pra mim uma vitória nesta era espacial. Noutro dia estremeci quando abri a porta e vi um grandessíssimo OVNI pousado no meu quintal.
Fui logo bater a porta, veio uma figura torta, eu disse: "Se não se importa poderia ir-se embora. Tenho esta roupa a secar e ainda se vai sujar se essa coisa aí ficar a deitar fumo p'ra fora."
E o senhor extraterrestre viu-se um pouco atrapalhado. Quis falar mas disse "pi", estava mal sintonizado. Mexeu lá no botãozinho e pôde contar-me, então, que tinha sido multado por o terem apanhado sem carta de condução.
"Ó senhor, desculpe lá, não quero passar por má, pois você aonde está não me adianta nem me atrasa. O pior é a vizinha que parece que adivinha quando vir que eu estou sozinha com um estranho em minha casa.
Mas já que está aí de pé venha tomar um café, faz-me pena, pois você nem tem cara de ser mau. E eu queria saber também se na terra donde vem não conhece lá ninguém que me arranje bacalhau."
E o senhor extraterrestre viu-se um pouco atrapalhado. Quis falar mas disse "pi", estava mal sintonizado. Mexeu lá no botãozinho, disse para me pôr a pau, pois na terra donde vinha nem há cheiro de sardinha quanto mais de bacalhau.
"Conte agora novidades: É casado? Tem saudades? Já tem filhos? De que idades? Só um? A quem é que sai? Tem retratos, com certeza. Mostre lá, ai que riqueza! Não é mesmo uma beleza? Tão verdinho! Sai ao pai.
Já está de chaves na mão? Vai voltar pro avião? Espere, que já ali estão umas sandes p'rá viagem. E vista também aquela camisinha de flanela p'ra quando abrir a janela não se constipar co'a aragem."
E o senhor extraterrestre viu-se um pouco atrapalhado. Quis falar mas disse "pi", estava mal sintonizado. Mexeu lá no botãozinho e pôde-me então dizer que quer que eu vá visitá-lo, que acha graça quando eu falo ou ao menos p'ra escrever.
E o senhor extraterrestre viu-se um pouco atrapalhado, quis falar mas disse "pi", estava mal sintonizado. Mexeu lá no botãozinho só pra dizer: "Deus lhe pague." Eu dei-lhe um copo de vinho e lá foi no seu caminho que era um pouco em ziguezague.