Até perto dos 2 anos, conseguimos manter a Luisinha desinteressada da televisão, mais por sorte do que por proibição. Regra geral, temos a televisão desligada; a Maria não liga peva e o pouco que eu vejo (5 para a Meia Noite, Governo Sombra e concursos de talentos de domingo à noite) passa depois de ela(s) ir(em) para a cama.
Mas lá veio o dia em que, aos primeiros DVDs oferecidos, o vício da televisão chegou. A colecção do Noddy até se vê bem e dá um jeitão quando preciso que a Luísa fique uma horita sossegada; aqui, a única coisa que me irrita um bocado é ela praticamente só querer ver repetidas vezes o episódio de Natal, de que já sabe metade das falas de cor. Já quando pede para ver o DVD da Kitty, aí é que começo logo a ficar com brotoeja! É que muito se fala sobre a violência dos desenhos animados de hoje em dia, mas subvalorizam-se os efeitos nocivos dos bonecos demasiado melosos... Claro que queremos as nossas meninas mimosas e meigas, mas tanto bilu-bilu pode transformá-las em Elmyras, a fabulosa personagem dos Tiny Toons que sufocava os amigos com afectos em sobredose.
Para ficar com os nervos à flor da pele, basta ouvir o genérico, que começa por "Olá Kitty, tão queridinha, olá Kitty, nossa amiguinha" e termina em "Olá Kitty, gatinha fofinha, tão lindinha". Não é de ir buscar a caçadeirazinha e espetar uns balaziozinhos na bichaninha? Enquanto o léxico da Luisinha não abarca termos mais complexos, a Maria e eu vamo-nos divertindo a cantar o genérico com uma letra bem mais gira: "...a aldeia da Kitty vamos dizimar/chacinar/trucidar..."
Em segundo lugar, o nome dos amiguinhos da Kitty é impronunciável, ou pelo menos insoletrável: tive de ir ver na net como se escreve Badtz-Maru, Cinnamorol ou PomPom Purin. Enquanto que no Noddy podemos transpor as personagens para a família (à falta de pai e mãe do Noddy, eu costumo ser o "Urso Rechonchudo", vá-se lá saber porquê), está fora de questão chamarmo-nos Badtz-Mary ou PaiPai Purin!
Por último, as histórias passam-se todas num mundo cor-de-rosa, onde os bonecos se divertem a tricotar, a beber chazinhos e a colher bagas na floresta. Uau... Voltem, Power Rangers, que estão perdoados!
Ironias do destino, a Luisinha recebeu nos anos uma bola da Kitty e todos os dias jogamos um bocadinho. E é para isso mesmo que a Kitty serve: para levar um bom chuto!
Ironias do destino, a Luisinha recebeu nos anos uma bola da Kitty e todos os dias jogamos um bocadinho. E é para isso mesmo que a Kitty serve: para levar um bom chuto!
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