Cresci num prédio onde as pessoas se conheciam. Ficava em casa de vizinhos quando os meus pais precisavam, no Natal e aniversários trocávamos cumprimentos e presentes, quando nos esquecíamos da chave havia uma suplente na vizinha. Lembro-me até de chegarmos a fazer um piquenique.
Claro que isto era mais fácil num prédio pequeno, onde quase todos viviam há 40 anos. Nos prédios grandes de Lisboa, estas experiências não são tão comuns. O anonimato é a regra, e conheço quem até prefira assim.
Felizmente vim parar a um prédio onde não me sinto tão anónimo, apesar de ter 600 apartamentos. Além das pessoas de quem já era amigo há anos, fui conhecendo outros nas futeboladas e nos jantares que se organizaram, sou tratado pelo nome nos cafés e, à custa das brincadeiras da Luisinha no jardim, vamos conhecendo outros pais.
Mas o que mais gosto é o à-vontade dos pequenos gestos. No espaço de uma hora, a campainha tocou-nos duas vezes. Primeiro foi a vizinha do lado: "venho cravar-te uma cebola". Pouco depois, foi o vizinho do canto, a oferecer uma caixa de ameixas que tinha trazido da quinta. Parecia uma imagem de que, quando damos, recebemos sempre mais. Mas valeu sobretudo pelo sentimento de proximidade que se vai ganhando.
1 comentário:
que bom Tiago!
e bons olhos te leiam :)
Aqui no meu prédio näo há assim tanta comunicacäo com os vizinhos, mas há uns que nos deram a chave de casa deles para nós regarmos as plantas enquanto eles väo de férias durante 1 mês...
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