A caminho de mais um Natal, entre o pico de trabalho no MSV (porque no Natal as pessoas estão mais dispostas a "consumir solidariedade", e ainda bem!) e a azáfama de comprar 78 presentes, dei por mim a revisitar dois Natais vividos bem longe desta realidade.
Em 2007, fiz uma viagem de 2 meses pela América do Sul, a assinalar o final duma estadia de 3 anos em Londres, e a semana do Natal apanhou-me no Chile. A ceia da consoada foi um churrasco e passei o dia 25 na praia de Viña del Mar, a comer óptimo marisco. Mas ainda mais exótico foi andar, uns dias antes, na zona de Chiloé, mil quilómetros a sul de Santiago, a distribuir presentes às crianças de umas ilhotas isoladas, com o alcaide. Os miúdos, pouco habituados a visitas, tinham uma alegria que transbordava, faziam a festa com presentes muito simples e falavam-me do Cristiano Ronaldo e do Figo (relato completo aqui). Quem me lançou o desafio e me acompanhou nessa experiência foi a Mariela, a minha amiga que morreu no ano passado.
Montagem da Mariela sobre a visita a Chiloé (20 Dezembro 2007) |
Um ano depois, a Maria e eu fomos convidados para o casamento da nossa amiga Nayan, em Bombaim. A cidade tinha sofrido um violento atentado uns dias antes, e na Portela perguntaram-me se queria mesmo ir para lá. Como se alguma vez eu fosse perder a oportunidade de viver aquele momento... Encontrámo-nos lá com a Mariela, o Eduardo e a Anne. A recepção da família da Nayan foi muito calorosa, envolveram-nos em todas as dinâmicas dos cinco dias de festa, mesmo as que, por costume, são reservadas à família. Na foto abaixo, as meninas sentadas ao lado da noiva são suas primas e tinham perdido o pai no atentado ao Hotel Taj Mahal - o que dava ainda mais sentido à minha resposta à senhora do aeroporto: claro que eu tinha de ir para lá!
No regresso, devia chegar a Lisboa a tempo da consoada, mas um atraso no primeiro voo fez-me passar a véspera de Natal a deambular por uma Frankfurt vazia, à espera do voo da noite. No dia 25, já pude estar com a família e distribuir os presentes comprados no mercado de Anjuna, em Goa, e na visita que fiz ao Barefoot College.
E tal como amanhã evocaremos, à mesa, os meus avós, com quem passei tantos e tão bons Natais, também aqui recordo a Mariela, com quem passei os dois Natais mais originais da minha vida.
E tal como amanhã evocaremos, à mesa, os meus avós, com quem passei tantos e tão bons Natais, também aqui recordo a Mariela, com quem passei os dois Natais mais originais da minha vida.
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