segunda-feira, 27 de julho de 2009

Casamentos e reencontros

Sábado tive o casamento da Joana e do Alex, o meu nono casamento em 2009. Um casamento original em vários aspectos: a escolha do dia de S. Tiago para a festa, já que ambos são peregrinos; a ementa sofisticada, em que os meus preferidos foram o gaspacho sólido, o crocante tandori e a tatin de maçã; e a substituição da tradicional oferta inútil para os convidados por uma contribuição para a campanha Agir Para Desenvolver.
Foi um prazer estar também envolvido na escolha dos cânticos e nos ensaios do coro. Oportunidade para acompanhar os últimos preparativos e a dedicação aí posta pelos noivos.
A Joana foi da minha turma do 7º ao 12º ano, para além de morarmos muito perto. Partilhávamos na altura o sonho de vir a ser jornalistas - ela seguiu-o e acompanha hoje os políticos com a camisola da Lusa, eu deixei-o em banho-maria e segui outros sonhos. Sem nunca nos perdermos o rasto, viemos a aproximarmo-nos mais já com o Alex na história, em óptimos serões de conversa à flor da pele na sua casa. Relatos de caminhadas (ou pedaladas) até Santiago que me fizeram reganhar a vontade de fazer o mesmo Caminho - será em 2010, ano Xacobeo?
Outra coisa boa dos casamentos são os reencontros. Neste caso com o João Ribeiro, que me deu aulas de Educação Visual quando eu tinha 12 anos. Mexeu e muito, não com o meu escasso (ou nulo) talento para as artes plásticas, mas sim com a minha forma de olhar o mundo e sentido de humor, de forma que ainda hoje sinto que lhe devo muito. Foi óptimo conversar sem tempo contado, trocar ideias sobre os projectos de cada um e trocar piadas, como sempre. E partilhar a conversa com o seu filho Duarte e a minha Maria. Acho que a cumplicidade transparece da fotografia. Também aqui, o rasto do caracol.

domingo, 12 de julho de 2009

Ambições e expectativas

Este foi um fim-de-semana de festas de crianças (4 anos do meu sobrinho João e 2 anos do Rodrigo do Vasco), com a conversa a encaminhar-se mais de uma vez para as ambições profissionais, um tema que às vezes me tira do sério.
Trabalhar é importante, faz-nos sentir realizados por podermos satisfazer as necessidades dos outros, faz-nos desenvolver os nossos talentos e dá-nos dinheiro para as nossas necessidades materiais. E é este equilíbrio que me faz pensar a minha vida de trabalho: contribuo para uma sociedade melhor? faço o que gosto e aquilo para que tenho mais jeito? tenho o suficiente para as minhas necessidades?
Não quero armar-me em bonzinho, mas realmente não me preocupa se vou ou não chegar ao topo da carreira; a própria palavra carreira faz-me comichão. O curso de Direito e o facto de ter estudado e trabalhado fora podem ter criado nalgumas pessoas (que me querem bem) a expectativa de um futuro de sucesso, no sentido como o mundo o vê, em cifrões. Mas eu decidi virar-me para uma área que não paga nada bem, muito menos em Portugal. Daí ter de ouvir de vez em quando bocas porque podia estar a fazer "outra coisa". Mas o dinheiro não é tudo. Já ganhei o triplo que ganho agora e nem por isso era mais feliz.
Prefiro pensar como gasto o meu tempo, como um todo. Pensando a sério no trabalho, até porque é onde passo mais tempo e é bom que seja interessante. Mas sempre deixando tempo suficiente para o cultivo dos gostos e das amizades (em breve, espero, para uma nova família também), para conhecer o mundo - o de perto e o de longe -, e para as acções de ajuda gratuita a quem não teve a mesma sorte que nós. Faz-me a mesma confusão o workaholic e aquele que gasta todo o tempo livre a ver televisão; um e outro desperdiçam o seu tempo e quase sempre perdem a capacidade de ter uma conversa com interesse.
Eu sei que quanto mais responsabilidades a pessoa assume (filhos, em especial), mais pesa a obrigação de trazer para casa mais dinheiro. Mas muitas vezes com o esforço legítimo para dar "o melhor" aos filhos - melhores colégios, melhores gadgets, melhores férias - vai-se fazendo concessões cada vez maiores no resto - tempo para estar com eles, sobretudo. É um círculo vicioso. E aqui a culpa é também de quem, nos cargos de chefia das empresas, permite este nonsense de ritmo de vida; nesse aspecto ainda somos um país pouco desenvolvido.
Enfim, é o que penso agora. Falo de cor, que a experiência ainda é pouca. E admito poder estar a ser tão pretensioso como outros serão comigo. Mas partilho a ideia do Professor Agostinho da Silva, de que o homem não nasceu para trabalhar, mas para criar. E o que estou eu a criar?

Curioso

Recebi um email da minha amiga mexicana, que viveu comigo 1 ano em Londres. A Daniela estava lá a estudar curadoria de arte contemporânea e no fim do mestrado voltou para a Cidade do México, onde tem estado a trabalhar no Museu Tamayo.
Agora é a curadora de uma exposição do artista português Pedro Cabrita Reis, que é inaugurada esta semana naquele museu. Giro ver a nossa cultura ser divulgada lá fora, e neste caso com a mãozinha de uma querida amiga. Há tempo que não nos falávamos, mas foi uma óptima ocasião para fazer um update das vidas.